Consumo de bebidas alcoólicas, crises de ansiedade e pensamentos suicidas aumentam em dois anos de pandemia.
Numa entrevista à lusa, a psiquiatra Maria João Heitor afirma que tanto a pandemia como a crise económica despoletaram um intenso sofrimento psicológico. Assim, ocorrências como crises de ansiedade e suicídio são cada vez mais frequentes ao Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise (CAPIC), adianta Rita Fatela, psicóloga do CAPIC, à RTP.
Os casos deportados ao CAPIC aumentaram em todas as faixas etárias em mais de 42% durante o período pandémico. Contudo, esta subida foi mais acentuada nas camadas mais jovens, com 52,8% no ano passado. Os incidentes críticos como a morte inesperada foram os que mais duplicaram desde o início de pandemia, com 2276 casos em 2021.
Em declarações ao Público, Ciro Oliveira, psiquiatra do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa, adianta que o medo é o principal causador de ansiedade. De acordo com um estudo, é o medo que leva ao “uso de substâncias como álcool ou outras drogas”, registando-se assim um aumento de 20% em bebidas alcoólicas.
O profissional sublinha ainda estudos que revelam o aumento do pensamento suicida sobretudo nos doentes com patologia mental prévia. Este aumento reflete-se na subida global de mais 40% nas ocorrências relativas a comportamentos suicidários, com 2.517 casos em 2019 e 3.496 em 2021, segundo números fornecidos pelo INEM à agência LUSA.