A realizadora famalicense relatou a realidade pós-licenciatura no cinema e audiovisual em Portugal.

Alexandra Guimarães, recém-licenciada em Cinema e Audiovisual pela Escola Superior Artística do Porto (ESAP), iniciou a sua carreira em realização e produção. A jovem contou que tem trabalhado em ambas as vertentes e explicou como tem sido essa nova fase.

“Musgo” (2021) foi o primeiro projeto da realizadora. Assim, surgiu no âmbito de um trabalho académico que realizou em coautoria com Gonçalo Almeida. Trata-se de um filme sobre a “herança pagã na região de Trás-os-Montes, bem como algumas tradições e rituais que ainda acontecem na região”. O assunto era do interesse de ambos, portanto, o processo de criação e, posteriormente, de realização, foi “muito natural”, deixando a projeção de projetos futuros da dupla. A seleção do filme para festivais nacionais e internacionais permitiu à jovem minhota estabelecer contactos importantes no meio.

Atualmente, Alexandra Guimarães está a trabalhar na direção de produção de uma série, financiada pela RTP Lab, em conjunto com uma colega. Além disso, desenvolveu, de novo com Gonçalo Almeida, um argumento para uma curta-metragem, intitulado “A Estreia”. Sobre este projeto, a jovem realizadora garante que “foge muito daquilo que eram os temas do Musgo”, através de um registo de comédia e sátira social. Como o nome indica, aborda uma estreia de dois realizadores que corre mal. A ação decorre numa sala de cinema, retratando a experiência social. O projeto está, de momento, parado devido à falta de subsídios para o avanço.

Alexandra descreveu a ESAP como um espaço aberto à criatividade, onde os estudantes têm a liberdade “quase total” para realizar curtas-metragens, explorar os mais diversos temas e criações artísticas. “A faculdade pode ser o sítio ideal para criar, sem restrições”, acrescentou. “Muito mais até do que fora da faculdade, em que vamos estar sempre a depender de apoios.”

Nesse sentido, Alexandra revelou a dificuldade que os jovens realizadores encontram no começo da carreira. A realizadora acredita que os fundos do Instituto de Cinema e Audiovisual (ICA) são insuficientes, mas também a distribuição deve ser reavaliada. “Para qualquer cineasta, é fulcral o apoio do ICA”, afirmou. Na impossibilidade de obter esses subsídios, os profissionais da área optam por trabalhar em equipa e recorrer a crowdfunding. Ademais, contou que faz, com frequência, trabalhos em audiovisual – mais concretamente, publicidade, vídeos institucionais e cobertura de eventos –, que lhe fornecem um maior suporte financeiro.

Na perspetiva da artista, o mais importante durante a licenciatura é manter o foco e absorver “o máximo de coisas que estão à nossa volta”. Desse modo, aconselha os estudantes da área que desenvolvam cultura cinematográfica e visual para, consequentemente, trabalhar a criatividade. Na sua visão, “a criatividade não é, de todo, uma coisa inata”. Além disso, adverte para que não percam as oportunidades que a faculdade oferece de escrever, produzir e realizar.