Com consultas presenciais e à distância, a maior parte dos psicólogos trabalhou mais durante a pandemia.
O estudo decorreu nos meses de setembro e outubro de 2021, e foi realizado pela Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) acerca das “condições socioprofissionais face à pandemia”. A participar do inquérito estiveram presentes 1.759 psicólogos, a maioria da área da psicologia clínica e da saúde (61,0%). Seguindo-se a área da psicologia da educação (30,6%), da psicoterapia (12,3%) e da psicologia comunitária. A área com menos inquiridos foi a sexologia (1,1%).
Segundo o estudo, cerca de 57% dos profissionais desta área da saúde viram o volume de trabalho aumentar. Um total de 24% dos participantes classificou que o volume de trabalho “aumentou bastante”, enquanto que 33% declarou que “aumentou um pouco”. Ainda assim, e segundo os mesmos dados, 25% dos inquiridos afirmou ter trabalhado o mesmo, face a anos anteriores aos da pandemia. Cerca de 11% trabalhou menos e, por fim, apenas 7% viu o seu volume de trabalho “reduzir bastante”.
Desta forma, os dados apontam para um aumento do trabalho e, consequentemente, para a diminuição do desemprego. Com base no estudo, antes da pandemia, a percentagem de desempregados na área era de 4.1%, enquanto que, em 2021, ano a que reportam os dados, apenas 1,5% se encontravam nesta situação.
As plataformas online revelaram ser o método de trabalho de excelência utilizado pelos profissionais do campo da saúde, tendo em conta as condições atuais. Sendo que, apenas 7,9% dos inquiridos afirma não ter dado consultas à distância. Contudo, a maioria dos psicólogos (68,1%), declara preferir as consultas presenciais do que aquelas feitas através do serviço de videoconferência.
No estudo, foi avaliado também o impacto da pandemia no bem-estar dos profissionais. Concluiu-se que, quase metade (49,9%) revelou ter piorado o seu estado e que, nesta situação, são as mulheres com menos de 35 anos, que destacam o aumento do trabalho e o “maior sofrimento psicológico”.
Além disso, e ainda no quadro da saúde mental, resultante do aumento de trabalho, os dados apontam para a existência de um quarto dos inquiridos (24,2%) que adquiriu sintomas de burnout. Novamente, são as mulheres as mais afetadas, neste caso com idades entre os 35 e os 44 anos, e com uma situação financeira “difícil ou muito difícil”.
Ainda assim, os psicólogos com sintomas de burnout, revelaram a utilização de estratégias e cuidados necessários para melhorar a sua saúde, qualidade de vida, bem-estar psicológico e prevenção do desgaste profissional. Como trabalhadores na área, cerca de 87% reiteram que conviver com amigos e família, manter uma boa higiene do sono e manter uma “atitude positiva no trabalho” são caminhos benéficos a seguir neste tipo de situações.
Apesar disso, cerca de 76% admitiram não ter sentido sinais de desgaste psicológico e afirmam estarem “de um modo geral, satisfeitos” com a sua profissão. O que os deixa “mais insatisfeitos” são os salários e a progressão salarial que os deixa numa “situação financeira difícil”.