A edição deste ano vai decorrer no dia 16 de fevereiro, em formato digital.
O ComUM vai promover, no dia 16 de fevereiro, a quarta edição do Encontro de Ciberjornalismo Académico, que vai abordar o tema da inclusão no jornalismo. De modo a perceber a origem da iniciativa e a escolha do tema, o ComUM esteve à conversa com Pedro Jerónimo, membro da coordenação do Observatório de Ciberjornalismo, e Ana Margarida Alves, diretora do ComUM.
Pedro Jerónimo começa por explicar que a “ideia dos encontros de ciberjornalismo já tem alguns anos”. Em 2005, participou num encontro nacional de estudantes de jornalismo e comunicação, que decorreu na Universidade da Beira Interior. No entanto, a iniciativa, que apenas se realizou mais uma vez no ano seguinte, em 2006, não continuou. Sentindo “falta da continuidade deste encontro de estudantes”, Pedro Jerónimo, após ter integrado o observatório, considerou que seria relevante retomar a realização deste género de iniciativa. “Como o Obciber distingue anualmente o melhor que se faz no ciberjornalismo em Portugal e o melhor que se faz a partir das universidades e politécnicos de Portugal, pareceu-me pertinente conjugar as duas coisas”, afirma.
Segundo o coordenador, o projeto procura destacar-se pela sua descentralização e rotatividade. “Comparativamente a outras iniciativas do Obciber, sempre centralizadas no Porto, este encontro de ciberjornalismo académico é descentralizado, pois percorre o país e tem como anfitrião um meio daquele lugar”, explica. Da mesma forma, Pedro Jerónimo considera que um dos objetivos da iniciativa é o intercâmbio de conhecimento e de experiências. Admitindo que “uma das virtudes do ciberjornalismo académico é a possibilidade de errar e de poder corrigir muitas vezes”, o coordenador acredita que é “importante” os estudantes juntarem-se e partilharem aquilo que cada um dos meios está a fazer.
Em relação à edição de 2022, Ana Margarida Alves afirma que o objetivo do encontro é a sensibilização das pessoas para o tema da inclusão e o incentivo à adoção de práticas mais inclusivas. “No jornalismo, transmitimos a ideia de inclusão e igualdade, mas não adotamos práticas em conformidade com essas ideias e, por isso, o nosso objetivo é trazer o tema para a esfera pública”, afirma.
A escolha deste tema surgiu porque a direção do ComUM entendeu que existe uma falta de conhecimento e de familiaridade com a questão. “Entendemos que é urgente falar sobre o assunto porque se fala tanto de igualdade, mas na prática acaba-se por fugir um bocadinho do assunto”, considera. Pedro Jerónimo concorda que é “um tema muito pertinente de ser debatido e refletido a partir de quem está a dar os primeiros passos no jornalismo”. O coordenador reforça que o encontro vai permitir perceber “o que os diferentes cibermeios académicos estão a fazer nesse sentido, o que pensam sobre o tema e o que acham não só sobre o que estão a fazer, mas também do jornalismo em geral”.
As normas e práticas a adotar para uma escrita mais inclusiva vão ser um dos tópicos a discutir no encontro. A diretora do ComUM dá também o seu parecer sobre o assunto, afirmando que perguntar “os pronomes a uma pessoa para falar com ou dela é a principal mudança que deve ser tomada”. Assim, acredita que se deve “reestruturar as bases, começando pelos livros de estilos, visto que um jornalista tem de o seguir e não adotar autonomamente uma escrita mais inclusiva”. Na mesma linha, Ana Margarida Alves reforça a ideia de inclusão de pessoas não binárias e transgéneras na esfera pública para os diversos assuntos.
“A falta de representatividade e diversidade nas redações é agora uma preocupação maior do que era antes e isso vê-se, sobretudo, nas jovens gerações”, defende Pedro Jerónimo. Assim, acredita que o encontro de ciberjornalismo académico deste ano pode ser “um ponto de partida” para que esta questão seja debatida no dia a dia e no trabalho jornalístico. Mesmo que a iniciativa possa ser “uma gota no oceano, é sempre importante que alguém dê o primeiro passo e alerte para esta questão”.
Em formato online, o encontro da edição deste ano inicia-se às 9h30 e termina às 13h30, estando previsto um primeiro momento de debate. Entre os oradores, inclui-se o nome de Luís Loureiro, jornalista e professor na Universidade do Minho e Ana Sofia Neves, presidente da Associação Plano I. Beatrizo, profissional na área da música e pessoa não-binária e Ana Cristina Pereira, jornalista do Jornal Público, também vão estar presentes no debate. No segundo momento do evento, os participantes vão ser desafiados a responder de que forma o jornalismo pode ser pioneiro na construção de uma sociedade mais inclusiva.
A participação no evento está aberta a todos e a todas, sendo necessário o preenchimento de um formulário.
Artigo por: Ana Beatriz Cunha e Joana Oliveira
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