Estima-se que existam cerca de 40 mil portadores desta doença no país.

Celebra-se esta sexta-feira, dia 18 de fevereiro, o Dia Internacional da Síndrome de Asperger. O dia foi escolhido por ser a data de aniversário de Hans Asperger, o pediatra austríaco que deu o nome à síndrome e, desde o ano de 2007 que é assinalado. A data visa destacar a importância da integração das pessoas com a Síndrome de Asperger na sociedade, sensibilizar a população para esta doença, a sua relação ao espectro do autismo e o seu impacto nos indivíduos que com ela vivem.

Segundo a Ordem dos Enfermeiros, a Síndrome de Asperger define-se como uma “condição psicológica do espectro autista caracterizada por dificuldades significativas na interação social e comunicação não-verbal, além de padrões de comportamento repetitivos e interesses restritos.” As pessoas com Asperger veem, ouvem e sentem o mundo de forma diferente da maioria das outras pessoas. Esta síndrome afeta a forma como percebem o mundo e interagem com outras pessoas. Trata-se de um espectro de autismo, o chamado Transtorno do Espectro Autista (TEA).

As causas da Síndrome de Asperger ainda não são totalmente conhecidas. Apenas existe alguma informação que induz que esta síndrome seja provocada por um conjunto de fatores neurobiológicos que afetam o desenvolvimento cerebral. Não existe uma cura ou tratamentos específicos para a síndrome, no entanto, há uma série de estratégias e abordagens úteis que têm como objetivo melhorar as condições de vida e aliviar os sintomas dos portadores da doença. Isto inclui terapias que abordam os três sintomas básicos: a baixa capacidade de comunicação, as rotinas obsessivas ou repetitivas e a imperícia física.

Em entrevista à rádio Elvas, Joana Simões, gestora de projetos na Associação Inovar Autismo, considera que “tratar a pessoa com respeito, como faria com qualquer outra e isso significa também não a infantilizar” é um passo para não desvalorizar ou menosprezar os portadores de Síndrome de Asperger. Ao nível da comunicação, é importante que esta seja “clara” e “objetiva” e “evitar coisas como metáforas, sarcasmo, piadas”, uma vez que podem ser facilmente confundidas.

Em Portugal, existem algumas entidades dedicadas a esta realidade. A Associação Portuguesa da Síndrome de Asperger (APSA) e o CADIn são as instituições mais conhecidas.

A APSA é uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) que nasceu em Lisboa a 7 de novembro de 2003, pela vontade de um grupo de pais. É uma associação cultural, científica e de beneficência sem fins lucrativos destinada a apoiar e orientar tanto as pessoas com a síndrome como as suas famílias, amigos e professores a nível nacional.

Criado em 2003, o CADIn é uma IPSS considerada pioneira pois foi o primeiro Centro em Portugal dedicado ao tratamento e estudo das perturbações do neurodesenvolvimento, com uma abordagem multidisciplinar. O CADIn trabalha com crianças, jovens e adultos com problemas comportamentais ou emocionais, ajudando-os a superar dificuldades na aprendizagem, na comunicação e na interação social. Trabalha também com as famílias, escolas e empregadores, para que estas aprendam como podem ajudar as pessoas com a síndrome a realizar todo o seu potencial.

Ricardo Nunes é um jovem autista e faz parte da direção da Associação Inovar Autismo. Enquanto vogal, destaca à Rádio Elvas algumas dificuldades que sente “com o resto do mundo” e sublinha que há “uma grande discriminação em Portugal”. Para Ricardo Nunes, dar voz a pessoas com Síndrome de Asperger é um passo para a aceitação social, “é dar a chance a nós, pessoas autistas, de falar, de explicar, aquilo que nós somos capazes”, realça.

A Síndrome de Asperger é uma condição psicológica do espectro autista que dificulta a capacidade para interagir socialmente e repetir certos comportamentos. Em Portugal, estima-se que existam cerca de 40 mil portadores desta doença. A Síndrome de Asperger afeta cerca de 20 a 25 crianças por cada 10 mil.