Christina Aguilera, a 21 de janeiro de 2022, anunciou o lançamento tripartido do seu nono álbum através do lançamento do EP La Fuerza.A composição chegou a conquistar a 14º posição no top de álbuns latinos na Billboard, mas ficou aquém das expetativas para aquele que é o seu segundo álbum espanhol.
O álbum simboliza a herança equatoriana da cantora, resultando de várias influências latinas. O EP conta com a incrível flexibilidade vocal da artista. Porém, a previsibilidade melódica acaba por tornar esta obra mais uma réplica musical e genérica da cultura que tenta representar. É, apesar disso, nitidamente mais completo do que o seu primeiro álbum espanhol em 2018, Liberation.
Inspirado no reggaeton, “Ya Chegué” abre o projeto em grande, com uma excelente introdução que contempla os vibratos da cantora, em sincronia com a batida, criando uma espectativa gradual para o refrão. Infelizmente, perdeu-se uma grande oportunidade para complexificar os acordes e criar algo dinâmico. Como consequência, temos uma versão comercializada da música latina, datada e sem originalidade, o que se repete em algumas composições desta obra discográfica.
Posteriormente, Christina Aguilera apresenta “Pa Mis Muchachas” com uma batida no estilo guacha, inspirada em Cuba. A composição conta com a parceria das principais artistas femininas espanholas Becky G, Nicki Nicole e Nathy Peluso. Uma estratégia inteligente e que serve o propósito da música de representar as” mulheres latinas que são a força de uma família, a espinha dorsal”, afirmou Christina Aguilera. Inicialmente, o single começa com pouca instrumentalização, dando primazia à voz da cantora. Um começo coeso, mas com algumas falhas na transição vocal das artistas convidadas, quebrando a fluidez da música. Não obstante, o tema surpreende no refrão com uma batida contagiante, intercalada com um rap poderoso, o que a torna uma obra equilibrada.
“Somos nada” demonstra a capacidade vocal da cantora num momento de intimismo, num calmo curso melódico. Uma música extremamente agradável ao nível sonoro. Já “Santo”, single com a colaboração de Ozuna, apresenta uma batida pulsante que apela aos bares e discotecas. Toda a sua estrutura remete a uma junção de hits espanhóis internacionais, tornando-se aborrecida e, novamente, um tanto repetitiva.
Finalmente, os mais distintos de todo o álbum, “Como Yo” e “La Reina”. Com traços de dancehall, “Como Yo”(assim como “Ya Chegué”) apresenta uma intro bastante interessante, conjugando uma espécie de suspiro sedutor com a batida persistente, num delírio harmónico. Contudo, não consegue acompanhar essa qualidade na passagem para o refrão. Por conseguinte, à natureza falada e pausada do refrão segue-se uma batida frenética completamente descontextualizada.
“La Reina”, por sua vez, vai retirar à ranchera algumas características, um estilo mais tradicional no México. Aqui, a voz da cantora brilha. Com pouco uso de equipamento sonoro, enaltece-se a rouquidão de Aguilera. Por tudo isto, este álbum representa uma clara evolução ao nível da qualidade e variedade sonora do seu antecessor. Porém, devido ao seu caráter invariável, está, ainda, bastante suscetível a uma melhoria de fluxo e coesão musical.
Artista: Christina Aguilera
Álbum: La Fuerza
Editora: Sony Music Latin
Data de lançamento: 21 de janeiro de 2022