O estudo foi desenvolvido pela Associação Plano I.
Dados do Estudo Nacional da Violência no Namoro em Contexto Universitário (2020/2021) revelam que 53,1% dos inquiridos confessou já ter estado sujeito a pelo menos um ato de violência e 32,4% já praticou pelo menos um ato de violência no namoro. O estudo teve a participação de 1322 pessoas, a maioria, 87,7%, do sexo feminino, com uma média de idades de 22 anos.
O estudo foi divulgado pelo UNI+, um programa com financiamento comunitário, e promovido pela Associação Plano I que se destina à prevenção e ao combate da violência no namoro no meio de universitários e no contexto do ensino superior. O estudo foi apresentado esta segunda-feira, dia 14 de fevereiro, numa sessão que debateu o tema da violência no namoro, com o objetivo de apresentar os resultados de 2021 da plataforma ‘online’ de denúncia anónima e informal de casos de violência no namoro, Observatório da Violência no Namoro, uma iniciativa também do programa UNI+.
Segundo declarações dos responsáveis pelo projeto, “não é possível afirmar que a proporção da violência no namoro praticada por homens seja significativamente superior em comparação com a praticada por mulheres”. No entanto, reiteram que segundo o estudo a “proporção da violência sofrida é superior nas mulheres comparativamente com os homens”.
A coordenadora científica deste estudo, Sofia Neves, destaca a preocupação e a gravidade da questão, afirmando que se vêm “percentagens efetivamente muito elevadas, sendo que os dados apontam para o facto de as mulheres jovens, estudantes do ensino superior, serem aquelas que mais suscetíveis estão à violência.” E sublinha ainda que “se as pessoas estão mais tempo em casa, as ferramentas que têm ao seu dispor para praticar violência passam por esta forma de violência online e, de facto, há aqui um agravamento desta forma particular de violência”.
Da mesma forma, a presidente da Associação Plano I reitera que, durante a pandemia, registou-se um agravamento de algumas formas de violência. Segundo a mesma, os ciúmes são a causa da maior parte dos casos registados, sendo esta justificação “sempre idêntica desde que o estudo tem vindo a ser realizado, ou seja, desde 2017.”
Os dados foram recolhidos entre janeiro de 2020 e dezembro de 2021, mas os responsáveis pelo trabalho alertam que estes casos de violência poderão não ter ocorrido no decorrer desse período.