A seca causada pelo anticiclone implicou a tomada de medidas sob algumas barragens.

Segundo previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), há 80% de probabilidade de 2022 ser um ano seco. O Governo obrigou assim a suspensão da produção hidroelétrica em algumas barragens do país estando incluída a do Alto Lindoso/Touvedo, no Minho.

Também a bacia hidrográfica do Cávado, em Vilar/Tabuaço, no rio Tábua e a barragem de Cabril e Castelo de Bode, no Zêzere foram suspensas pelo Governo. Além destas medidas, foi cancelada a possibilidade de retirar água na barragem de Bravura, no Algarve. João Matos Fernandes, ministro do Ambiente, adiantou que estas medidas vão vigorar entre 1 de fevereiro e 1 de março.

O ministro não descarta, porém, a hipótese de virem a ser tomadas mais medidas de restrição ao uso de água. Tudo vai depender da evolução do mês de fevereiro que vai ser acompanhado “ao dia”. Contudo, Matos Fernandes revela que não se prevê a falta de água para consumo humano, uma vez que existe a “possibilidade de continuar a transferir água a partir do Alqueva para outras barragens, nomeadamente para a rega”.

Assim, destinadas a garantir o abastecimento de água para consumo humano durante dois anos, as barragens de Alto Lindoso/Touvedo, no Minho, Alto Rabagão, a bacia hidrográfica do Cávado, Vilar/Tabuaço, no rio Tábua, afluente do Douro, e a barragem de Cabril e Castelo de Bode, no Zêzere, que são usadas para a produção de eletricidade, vão ter quotas mínimas de utilização. Desta forma, vão poder funcionar apenas duas horas por semana, e apenas por questões técnicas.

Por outro lado, a ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, mostra-se preocupada e afirma a necessidade do Governo em pedir ajuda à União Europeia. Salienta a importância de apoiar os agricultores, tendo em conta que a seca está a “condicionar o desenvolvimento de pastagens e culturas”, a que se junta também o aumento dos custos da alimentação dos animais e fertilizantes.

Questionada pelo jornal Público, Vanda Pires, meteorologista do IPMA, explicou que a culpa da seca é do bloqueio causado pelo estado estacionário do anticiclone dos Açores à mesma latitude de Portugal Continental. Apesar da chuva prevista para os últimos dias da semana, a meteorologista adiantou que a queda vai ser “residual” e não vai “diminuir o agravamento da seca” nos campos e nas barragens. Assim sendo, segundo Vanda Pires, as temperaturas vão manter-se seguindo a situação de anormalidade registadas no país, sobretudo no Minho, com várias cidades a passarem os 20 graus Celsius.