Um podcast que saiu dos estúdios da Antena 3 para o palco bracarense do Theatro Circo.
Na última sexta-feira, a tripla Ana Markl, Hugo Van Der Ding e Tiago Ribeiro apresentaram “Vamos todos morrer”, o podcast das manhãs da Antena 3. O Theatro Circo foi o espaço escolhido para o evento, caracterizado por um registo de comédia.
O espetáculo iniciou com o tema Desalmadamente do músico Benjamim, e da cantora Lena d’Água. Ana Markl, Hugo Van Der Ding e Tiago Ribeiro entraram de seguida e foram recebidos com um forte aplauso. “Bem-vindos à vossa própria cidade”, assim abriram o espetáculo, em tom de brincadeira.
O conceito do espetáculo passou pela escolha de três pessoas conhecidas do público que tenham nascido e/ou falecido em Braga, fazendo a reconstrução da sua história de vida. Sendo Braga conhecida como a cidade dos arcebispos, o humorista brincou com a lenda da santificação de São Pedro de Rates, o primeiro arcebispo do distrito. Mencionou também a polémica rivalidade entre Guimarães e Braga, o que arrancou gargalhadas a todos os presentes.
Hugo Van Der Ding troçou ainda da História de Portugal, enquanto abordava a vida de Dona Teresa e os conflitos com o filho. Relembrou António Variações e o auge da sua carreira. “Um homem tão peculiar e difícil de definir que se tornou numa pessoa que toda a gente adorava”, assim foi descrito. Mais ainda, “morreu no auge do seu segundo álbum, mas, de certa forma, não morreu porque estamos a relembrá-lo hoje”.
Esteve também presente no espetáculo o Grupo Folclórico de Tabuadelo , entrando em cena sempre que a tripla mencionava o nome de uma cidade bracarense. “Um amigo disse-me que, em Braga, a todo o lado que vais, aparece um rancho”, brincou Hugo Van Der Ding.
Aquele que foi um espetáculo engraçado, teve também espaço para o debate de um assunto mais sério, o medo da morte, contando-se com a presença do psiquiatra Pedro Morgado. “Sabemos que vamos morrer e não aceitamos. Porquê?” foi a primeira questão colocada ao profissional, que num jeito descomplicado, explicou a distinção da “morte que morremos e morte que vivemos”.
Abordou-se o também tema do luto. “O luto é uma reconstrução”, afirmou Pedro Morgado, alertando para a necessidade de acompanhamento profissional nestes casos, sobretudo em situações de patologia. Confrontaram a saudade e o medo de morrer “a consciência da finitude traz-nos um sofrimento brutal. Somos feitos para viver e gostar da vida”, atirou. Simbolicamente, o tema ficou representado pela coroa de flores presente no palco.
O serão ficou marcado pela linguagem direta, sem filtros e com muita ironia à mistura. Exemplo disso foi o poema declamado por Ana Markl que, através de palavras bastante sarcásticas, transmitia uma mensagem à sogra. Também as expressões corporais dos três colegas tinham algo de hilariante, a destacar, o riso contagiante de Hugo Van Der Ding, que se fez ouvir diversas vezes durante a noite. Os três amigos demonstraram uma espontaneidade e aquilo que pareceu até ser improviso, que só com uma grande cumplicidade se consegue.
A noite terminou com Lena d’Água a cantar a música Estou Além, de António Variações. A artista percorreu o público enquanto o fazia, convidando a plateia a juntar-se a ela. O som dos aplausos fez-se ouvir prolongadamente.