O álbum 3121, (pronunciado “trinta e um vinte e um”), cujo título se refere à sua casa alugada em Antelo Rd, Los Angeles, é o 31º lançamento de estúdio do músico americano Prince. As 12 músicas foram lançadas a 21 de Março de 2006 e vieram reforçar o grande regresso do cantor após o lançamento de Musicology (2004).
3121 foi o único álbum a estrear-se em número um no Billboard 200, com mais de 180.000 cópias vendidas na primeira semana. Mais tarde veio a ser, também, certificado como “Gold” pela Recording Industry Association of America (RIAA). O disco difere muito dos grandes êxitos de Prince, mas apresenta novidades, tendo sido um dos primeiros a usar autotune.
Apesar de Prince ter sido, em tempos, o padrão de ouro para a expansão artística e, durante mais de uma década, ter sido imparável, os seus últimos trabalhos remetiam para uma maior marginalização, onde se podia ver o sucesso apagado. Ainda que, com este álbum, seja possível ver o quão curta pode ser a viagem de descida do topo para um artista, 3121 foi a derradeira tentativa de mostrar que é possível reclamar o título de novo e voltar aos ouvidos do mundo.
Tudo começa com uma entrega total da sua faixa título. Esta funciona quase inteiramente em excentricidade, com um “groove” quente e vozes distorcidas de Camille que, com a junção de Prince, dá-lhe um aspeto de vibrações estranhas, mas interessantes. Considero “Lolita”, assim como “Black Sweat”, memoráveis e merecedoras de um maior valor do que lhes foi dado, pelo simples facto de mostrarem que o antigo Prince, ultra-confiante, ainda estava vivo. São canções sensuais e cativantes, porém mais maduras e subtis, sem grandes estridências e palavrões. Ainda que mais leves e arejadas, dão a ideia de uma sensação mais profunda.
A terceira e quinta faixas, “Te Amo Corazon” e “Incense And Candles” são poderosas baladas escaldantes. Acompanhadas de bandas sonoras modernas e de passagens de rap do artista, incrivelmente bem feitas. O som é à moda de bossa nova, com belos instrumentos, fragmentos de piano cubano e tambores brasileiros, e a voz suave do cantor.Por sua vez, “The Word” e “Beautiful, Loved And Blessed” não são particularmente tão boas. Apesar de um belo solo de guitarra a conferir um toque diferente, tornam-se repetitivas, com letras que não cativam. Na segunda é, ainda, percetível a falta de química no dueto com Tamar. “Love” continua em melodias contagiosas e com toda uma inspiração de funk melancólico. Nesta canção, Prince continua a mostrar o talento da escrita, com uma lírica bastante sólida. Sem dúvida, uma boa canção, tanto para levantar e dançar, como apenas para passear de auscultadores.
As duas canções que mais se destacam são “Satisfied” e “Fury”. O primeiro tema é uma throwback jam lenta, com uma pitada de R&B da velha guarda. A primeira aparição significativa do álbum dá-se aqui, com um falsete potente de Prince, que cumpre naquilo que se pretende. “Fury”, por sua vez, como o próprio nome indica, mostra-se como uma música insana, com um temperamento pesado. O hit chama a atenção pelo seu arranjo feroz na guitarra, acompanhado de vocais coincidentes com o nome. Sem muito a acrescentar, “The Dance” é uma faixa com, novamente, um tom escuro e sensual. O artista assina a sua marca, com a mostra sobre a arte de tocar piano. Para encerrar o álbum temos “Get On The Boat” que enfatiza a mudança de humor, com uma explosão latina divertida e uma grande mensagem.
Em 3121, Prince mostrou-se um profissional esperto, que tencionava recuperar a reputação e respeito que tinha perdido. Ainda que tenha sido uma missão bem-sucedida, não conseguiu ser tão surpreendente como no seu apogeu. O que pretendeu fazer com este álbum, tal como explicado pela New Power Generation, foi o “regresso deliberado ao Prince clássico”. Num registo amigável e numa composição mais vulgar, não chega a ser uma tão graciosa declaração como as suas obras de arte “Purple Rain” ou “Sign O’ The Times”, ainda que com o pop confiante e coeso que sempre fez com que se apaixonassem pelo cantor. Posto isto, este trabalho foi um dos mais bem conseguidos dos anos 2000. Em apenas três palavras: animado, variado e, no seu melhor, excitante.
Álbum: 3121
Artista: Prince
Editora: NPG Records
Data de lançamento: 21 de março de 2006