Bruno de Carvalho é o convidado principal (e quase o único) do evento académico.
Na madrugada desta sexta-feira, enquanto navegava pelo site da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUMinho), a jornalista do InComUM, Bela Aníbal, deparou-se com mensagens trocadas entre o presidente da AAUMinho, Duarte Lopes, e os restantes elementos da direção. A jornalista rapidamente entendeu que se tratava de um ciberataque feito com a intenção de expor os planos para o Enterro da Gata.
Como é sabido, a construção da nova sede da AAUMinho implica um investimento superior a dois milhões de euros. Já o evento do Enterro da Gata exige o gasto de mais 700 mil euros. Nas primeiras mensagens a que o InComUM teve acesso, ficou claro o desagrado de toda a direção quando Duarte Lopes anunciou que “a AAUMinho vai ter de cortar no orçamento da Gata para aumentar a sede por causa dos grupos culturais”. Desta maneira, o presidente do órgão académico revelou que “vão sobrar apenas cinco mil euros para o Enterro”.
Devido ao “corte drástico”, vários elementos da direção alertaram para a necessidade de terem de “pensar em convidados mais em conta”. Rapidamente, o nome do “DJ Bruno de Carvalho” entrou na discussão. Com unanimidade, a AAUMinho decidiu que o ex-concorrente do Big Brother seria o protagonista das festividades do Enterro da Gata.
Após o acordo, nas mensagens seguintes, o debate centrou-se em encontrar “mais convidados rasca, só para que as pessoas pensem que houve esforço”. Assim, Bela Aníbal foi confrontada com o nome do artista musical e colega de “casa” de Bruno de Carvalho no programa da TVI, Jorge Guerreiro, como sendo um dos eleitos. Contudo, o cantor pimba rejeitou o convite da AAUMinho: “Não aceito, porque o meu maior hit, que se chama “Vou Alugar Um Quarto” não se adequa à realidade das residências da instituição que representam”. Por outro lado, as mensagens também mostram que o órgão académico já declinou a presença de dois nomes fortes do panorama político nacional.
“O Chicão quer vir ao Enterro fazer uma tourada no descampado”, disse um membro da direção. Porém, foi percetível que Duarte Lopes recusou a proposta do líder do CDS-PP, porque a AAUMinho tem a obrigação de “evitar o falecimento por abalroamento animal dos praxantes que frequentam o local” e, além disso, porque “os opositores da Lista M tinham pessoas do CDS-PP”. Como já sabemos, a direção que lidera a AAUMinho há séculos, só que com nomes diferentes, não gosta de aceitar “ideias de outsiders”, tal como destacou o presidente.
O líder do partido de extrema direita, André Ventura, também viu a sua presença ser negada. Depois de ser expulso do Twitter, André Ventura viu o Enterro como um bom evento para afogar as suas mágoas. Contudo, isto causou contestação dentro da AAUMinho. Duarte Lopes chegou mesmo a dizer que o líder do partido não era bem-vindo, porque “ele é de Lisboa e tem mais é que ficar na terra dele”.
Segundo aquilo que Bela Aníbal apurou a partir das mensagens divulgadas, o Enterro vai ser fechado com um combate entre Bruno de Carvalho e Jorge Jesus. O vencedor da luta corpo a corpo vai ser definido por voto eletrónico, como gosta a AAUMinho. De acordo com a conversa da direção, “quem contestar os resultados nas redes sociais vai ver os seus comentários apagados, tal como a Universidade costuma fazer”.
Graças ao limitado orçamento, o órgão académico discutiu ainda que vão sugerir aos estudantes a realização de Jejum Intermitente. “Temos poucas bebidas. Eles vêm sem nada no estômago, bebem pouco, ficam tocados mais rapidamente e poupamos em álcool”, admitiu um membro da juventude popular da direção. Para “otimizar” a festividade, a AAUMinho escolheu introduzir um carrossel “com água, barquinhos e coletes salva-vida para quem não tiver pé ou juízo”.
As mensagens revelaram ainda o custo dos bilhetes diários. Cada estudante da Universidade do Minho terá de adquirir um bilhete que inclui parque de estacionamento obrigatório e o passe para o Enterro. O parque de estacionamento será dividido em duas partes: a zona normal, com arbustos, e a zona VIP, que não contém arvoredo. O bilhete para a área com arbustos ronda os 100 euros e o preço do ingresso para a zona com a mais recente tecnologia de proteção, ou seja, com os arbustos cortados, sobe para 150 euros. “Como correm mais risco de vida, quando há arbustos, as pessoas devem ter de pagar menos”, notou Duarte Lopes.
A conversa ficou no site da AAUMinho por breves momentos e já não se encontra disponível. Contudo, a jornalista do InComUM vai continuar atenta à página com a esperança de que volte a haver uma fuga de informação.