A fadista encantou Braga com uma noite de fado, viras, malhões e, sobretudo, muitas histórias.
No último sábado, 26 de março, Gisela João iluminou Braga num concerto que teve lugar no Theatro Circo. A artista, juntamente com a sua banda, promoveu o seu mais recente álbum “AuRora” (2021).
Gisela João foi recebida com carinho, atenção e muitos aplausos. A fadista confessou apreciar bastante o comércio tradicional e os jardins de Braga, pois faziam lembrar a sua cidade. Além disso, admitiu ainda estar feliz por regressar a “uma das salas mais bonitas do país”. Acompanhada de quatro músicos, a artista presenteou os bracarenses com uma noite de muitas emoções e arrepios. O piano, a guitarra portuguesa e a guitarra complementaram a sua inconfundível voz.
O concerto ficou marcado por histórias e por vivacidade. “Adoro contar e cantar histórias”, afirmou. Com uma personalidade vincadamente minhota, Gisela João conversou carinhosamente com o público. “Parece que vos conheço há anos”, admitiu. A fadista partilhou, com o público a forma como entrou no mundo da música, desde as Casas de Fado até ao presente.
A artista deixou claro que o Minho lhe diz muito. E, sendo ela uma mulher do Norte, não deixou de cantar e dançar os “viras e os malhões” tão característicos da região. As palmas, a acompanhar o ritmo, ecoavam na sala. A evidente alegria e adrenalina da fadista levou ao improviso – “não sigo alinhamentos. O público é que cria a energia”. Expressou, por repetidas vezes, o seu encanto pela música – “a música é um código livre. Quando se está exposto a música, é impossível não viajar em sonhos, memórias, histórias…”.
A fadista revelou a sua paixão por poesia e pelo fado e, prova disso, foi a forma como descreveu cada tema “só sei escrever sobre amor”, confessou. “Canção ao coração” foi a primeira música que escreveu, contou Gisela, explicando que se trata de uma nota positiva nos dias maus. “Olhar para o céu e para as flores, tudo passa”. A artista relembrou também Amália Rodrigues enquanto conversava sobre arte. “A arte não é uma coisa de sentar à mesa e juntar dois mais dois”, rematou.
“Não fico para dormir” é uma canção que, segundo a artista, ganhou uma nova dimensão, após a pandemia. Nesse sentido, dedicou-a aos trabalhadores do setor cultural, um dos mais afetados desde março de 2020. Aproveitou para agradecer atenciosamente ao público a presença e o apoio ao setor.
Terminou o serão com “A louca”, acompanhada de uma mensagem dirigida a todas as mulheres, face às adversidades que passam constantemente. Assim, Gisela João incentivou a que todas se sintam mais livres, independentes e confiantes na sua própria pele “berrem, cantem, façam tudo”, palavras que emocionaram o público feminismo.