Divulgado pela primeira vez ao mundo a 14 de fevereiro, INVU, o terceiro álbum completo de TAEYEON, renova a excelência musical da cantora sul-coreana. No decorrer de 13 faixas, o disco é influenciado por sons celestiais e uma estética visual mística.

hellokpop.com

A faixa-título e lead single INVU” é a epítome de todo o conceito que circunda este projeto. Uma metáfora para “I envy you”, a canção mistura synth-pop com dance-pop, acrescentado uma “pitada” de house. Esta música fala sobre amores e desamores, tal como o resto do álbum. E não é por falar de amor, tal como outras milhares de músicas, que o conteúdo lírico é menos valioso. Simplesmente, o poder desta composição, que brilha à primeira vista, está presente na melodia. Tal como é costume em produções lançadas pela SM Entertainment, a faixa-título é uma das melhores músicas do álbum. E não é tarefa fácil, já que, neste projeto, sons de qualidade existem aos montes.

Segue-se “Some Nights”, que se inicia de forma tranquila e desenrola-se num tom de balada. Porém, não de um modo excessivamente dramático ou triste. Na transição para o refrão, surge uma mudança de tonalidade para uma postura mais agressiva, no entanto, simultaneamente, serena. Os vocais potentes e de grande alcance já são tradicionais para quem conhece a artista, mas é algo que ela não deixa de frisar em “Some Nights”.

“Can’t Control Myself” tinha sido lançada previamente como pre-release single. A terceira música de INVU concentra em si um ambiente mais negro, carregado pelo rock, garage-rock e pop-punk. Melodicamente, a música é perfeitamente executada, sendo acompanhada pela voz de TAEYEON, que canta sobre forçar um amor e persistir nesse amor, resultando em feridas difíceis de sarar. Descontrolo, bagunça e confusão são sentimentos e situações que a vocalista  autoilustra de forma exímia e que fazem qualquer um identificar-se, tanto com a batida, como com a letra. Certamente, estaria presente num top três das melhores músicas de INVU.

Pelo nome percebemos que “Set Myself on Fire” não é uma música qualquer. É uma canção com imensa complexidade sonora, que se desenvolve num ritmo lento e suave, apesar de não soar sofredor. Não parece que TAEYEON esteja triste ou a sofrer. Pelo contrário, é no formato tranquilo da faixa que TAEYEON expõe uma posição de força e poder, ainda que se queira autoincendiar. A voz única da jovem preenche totalmente os nossos ouvidos de forma agradável.

Quando pensávamos que “Toddler” ia ser mais uma balada de amor, existe uma reviravolta que nos abre a música para uma melodia pop. Ainda que os pré-refrões sejam um pouco sem sal e os refrões não tão energéticos como seria de esperar, “Toddler” é uma música agradável.

A maioria das canções denominadas “Siren” não dececionam e a versão de TAEYEON comprovou isso, mais uma vez. Do início ao fim somos expostos a uma experiência sonora diversa e, mesmo para quem não entenda coreano, uma história é facilmente passada ao ouvinte. A musicalidade é tão irreverente e envolvente que desenvolver mais do que isto seria um spoiler imperdoável. Contudo, a bridge poderia ter sido executada de outra forma.

Chegamos a meio deste trabalho e as coisas aquecem. “Cold as Hell” retoma um ritmo rock mais obscuro, que tocou nas partes mais negras do meu ser. Algo extremamente estimulante foi o facto de a melodia se apresentar aos poucos. Como alguém que te quer seduzir de modo misterioso, “Cold as Hell” não se deixa ouvir toda de uma vez, soltando algumas pontas aqui e outras ali, finalizando-se como um todo perfeito. Sem qualquer dúvida contém a melhor bridge desta produção.

Por outro lado, “Timeless” assume-se como uma harmonia mais esperançosa e digna de ser uma banda sonora de final de filme, tudo está bem quando acaba bem, mas só depois de se terem vivido tempos difíceis. Uma música feliz e com alguma cor, mas com uma backstory triste. A instrumentalidade retro incorporada ajuda a erguer esta ideia de que “a vida continua”.

Heart” é uma música cliché, sem nada que a destaque, nem das outras, nem das músicas existentes no mundo. Talvez o refrão salve um pouco a ruína que é o resto da música. Já “No Love Again” é uma produção interessante e bastante aprazível ao ouvido e não se desenvolve de forma exageradamente complexa. O mesmo se pode dizer de “You Better Not”, ainda que explore mais compassos sonoros e seja mais arrojada na mistura de estilos musicais.

A penúltima música, “Weekend”, é um tema pop repleto de alegria e perfeito para dançar. O instrumental, carregado de elementos de synth-pop e disco-pop, não é propriamente refrescante, mas a forma como é executado é inovadora e encaixa-se perfeitamente com a voz de TAEYEON. “Ending Credits” recria um género de sentimento comparável a “Timeless”. No entanto, cai um pouco mais no uso excessivo da guitarra. Todavia, quando o refrão recheado de elementos EDM toca, perdemo-nos numa viagem no tempo e no espaço. Somos transportados para onde a nossa mente quiser, sentimento este estimulado pela melodia.

Apesar de não ser propriamente fã desta artista a nível musical, não posso negar que TAEYEON se esmerou imenso neste trabalho. Com uma carreira de grande longevidade, a vocalista é a prova viva de que o talento, o esforço e a inclinação para arte resultam em grandes obras. INVU é, de forma sintética, sublime.