Os cinco deputados do Bloco de Esquerda e os seis do Partido Comunista, eleitos nas últimas eleições legislativas, iniciam funções na próxima terça-feira.

Na próxima terça-feira, dia 29 de março, a nova configuração da Assembleia da República toma posse, iniciando uma nova legislatura. Isto acontece quase dois meses depois das eleições legislativas antecipadas, que provocaram uma diminuição da representação parlamentar dos partidos da geringonça, à esquerda do Partido Socialista.

No que concerne ao Bloco de Esquerda, a queda nos resultados das eleições legislativas representou uma perda de 14 deputados, sendo que os bloquistas apenas conseguiram eleger cinco mandatos. Já a Coligação Democrática Unitária, composta pelo Partido Comunista Português e pelo Partido Ecologista “Os Verdes”, perdeu metade da sua bancada, visto que passou de 12 para apenas seis deputados.

O deputado municipal por Barcelos do Bloco de Esquerda, Miguel Martins, encara estes resultados como uma “derrota”. Para o bloquista, o partido estava, desde o início, numa “posição bastante condicionada” e suscetível a ser “atacado”. Além disso, Miguel Martins considera que o “medo do que diziam as sondagens” manifestou-se no desfecho final das eleições. Já para Bárbara Barros, vereadora da CDU na Câmara Municipal de Braga, a redução de deputados da coligação na Assembleia da República significa uma redução “da representação dos interesses e dos anseios da população e dos trabalhadores”.

Quanto ao que se perspetiva em relação aos quatro anos de maioria absoluta do Partido Socialista, a vereadora comunista considera “negativo” o facto do PS governar sem “a intervenção do PCP, algo que existiu nas últimas duas soluções governativas”. Na visão de Bárbara Barros, sem este papel interventivo do partido liderado por Jerónimo de Sousa, “muitas das medidas que o PS acabou por concretizar não teriam saído do papel”.

Depois da perda de 14 deputados, Miguel Martins admite que o Bloco de Esquerda se coloca “numa posição muito mais constrangida e limitada”. Contudo, o bloquista dá garantias de que a postura do partido não vai mudar e que vai continuar a “dar voz aos problemas para os quais o partido quer resposta”. O deputado municipal alerta para a “maior facilidade” que um governo maioritário tem “para alcançar certas coisas”, mas deixa claro que o BE vai continuar “a fazer frente aos interesses financeiros”.

No que diz respeito ao futuro interno do partido, o deputado barcelense continua a acreditar que a atual liderança do partido é viável e que “os resultados eleitorais não devem pôr em causa” a aptidão da direção. Além disso, Miguel Martins traça a “defesa das populações” como aquele que tem de ser o caminho a seguir pelo Bloco. Para o deputado municipal, o partido vai continuar a “correr por dentro e a correr por fora”, ou seja, “correr junto das lutas locais, junto das populações que saem à rua pelas mais diversas razões, mas também vai levar estas lutas para o parlamento”.

Por fim, Bárbara Barros considera que “eventualmente vai haver uma mudança de secretário geral”, mas deixa claro que o atual líder, Jerónimo de Sousa, “continua disponível para desempenhar o papel”. “Para já não se coloca esse cenário”, admite. Na visão da vereadora, a “importância de manter a ligação às massas, especialmente aos trabalhadores” tem de permanecer inabalável na maneira de agir dos comunistas. Em adição, coloca também como prioridade a exigência de “esclarecer, mobilizar e desconstruir uma campanha que se tem adensado contra o PCP”, de modo a recuperar a imagem do partido na esfera mediática.

Artigo por: Joana Oliveira e Tiago Maciel

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