Próximo ao pop alternativo, on to better things by iann dior é o mais recente álbum de estúdio do artista, como se percebe do título, iann dior. Lil Uzi Vert, Machine Gun Kelly e Travis Barker são os três convidados para enriquecer a sonoridade deste disco de 15 temas. Por vezes genérico e vago, este novo projeto musical procura solidificar a carreira artística de iann.

Nascido em Porto Rico, Michael Ian Olmo cresceu no Texas, interessado em poesia e sempre em contacto com diferentes estilos musicais. A publicação do EP nothing ever good enough (2019), no SoundCloud, direcionou o futuro do rapper de forma incontornável. Desde então, a recém ascensão do artista de 22 anos é vital pelo trabalho com grandes produtores da indústria e colaborações de sucesso, inclusive, com Trippie Redd em “gone girl” e “shots in the dark”.

billboard.com

“is it you” é uma introdução intrigante que ecoa versos sombrios e profundos, sobrepostos por uma melodia sintetizada e cintilante. Com sensibilidade desigual a frequências punk, iann dior deixa suspensa a grande expectativa sobre este novo álbum. Esta narrativa anestesiada pela melancolia e carência afetiva segue-se em “complicate it”, um som de sonoridade clássica do artista.

Imersa de versos repetitivos e superficiais, “V12” é uma oportunidade fracassada de sucesso. O refrão enérgico e de fácil memorização flui com a inconfundível performance de Lil Uzi Vert, mas este single não vingou como merecido. “dark angel (interlude)”, por sua vez, arrasta-se em líricas sinistras e melodias sinuosas que fogem ao registo monótono anterior.

Preso à nostalgia pop punk dos anos 2000, a expressividade estridente do baterista Travis Barker transcende a virtude do disco no tema “obvious”. Além de colorir líricas de amor psicadélicas, “thought it was” é também fruto de outra reunião com Barker, que reflete os infortúnios da fama na cidade frívola de Los Angeles. Por momentos, ouve-se um surpreendente tom suave de Machine Gun Kelly, em confronto com a sua típica voz ríspida. Este trio eleva, sem dúvida, o potencial deste álbum.

“Hello, my love, what have you done?” é uma das questões de “sinking (interlude)” que inicia um último capítulo com vocais flutuantes e angelicais. Esta melodia reconfortante permite que as realidades obscuras e intrusivas sobrevoem calmamente na mente do rapper. Sem margem para arriscar, “let you” é o single promocional de on to better things by iann dior que perpetua a energia pop, na qual o vocalista se revê e é revisto.

“fallin’” encerra as últimas esperanças do relacionamento já distante e perdido: “Now I’m free fallin’/More than you can see, I’ve lost a part of me”. Já a última faixa, “hopeless romantic”, resume a carência cíclica por um amor sem imperfeições e, sobretudo, uma conexão recíproca – aliás, é essa a confissão principal deste projeto discográfico.

on to better things by iann dior dá uma continuidade ao reportório sonoro de iann dior, mas não revela, por completo, a sua evolução. Muitas faixas são similares entre si, incongruentes e carecem de personalidade na estrutura total do disco. É o primeiro projeto discográfico de iann dior após participar no hit mundial de verão “Mood” (2020) de 24kGoldn e acaba por resultar numa produção pouca coesa e ainda presa no nicho musical prévio do rapper. Resta, agora, acompanhar os seus próximos lançamentos sónicos rumo ao estrelato.