São muitas as vezes em que damos conta de que um simples conceito suporta uma grande responsabilidade e definição. Procuramos simplificar o termo com diversos argumentos que raramente se repetem. E a pergunta permanece: o que é a Educação?
Somos meios suspeitos no que toca a este tema, mas costumamos dizer que a Educação é o verdadeiro pilar do futuro da humanidade. O termo engloba as aprendizagens com que nos vamos deparando no seio familiar, no círculo de amigos, no trabalho, na escol e na vida. Sem dúvida, é algo que se prende a um processo contínuo ao longo da nossa história e ao longo dos tempos, sendo que, numa perspetiva individual, compreendemos que a educação é o saber estar, saber fazer, saber ser e aprender a viver juntos.
A verdade é que tal como somos responsáveis por construir o nosso caminho, também somos responsáveis por delinear cota-parte da nossa Educação. À semelhança do que acontece na vida, neste percurso também nos deparamos com condicionamentos, farpas de falso humanismo, barreiras inevitáveis e becos sem saída. Aquilo que dificilmente percebemos é que o propósito que nos conduziu a estas passagens menos boas pode ser a chave para as ultrapassar: a Educação.
Infelizmente, nos dias que correm, assistimos a demasiados exemplos de pessoas que não estão, de todo, preparadas para a vida em sociedade e que não tomaram uma Educação assertiva e devidamente respeitadora. A Educação combate o ódio e o ódio jamais terá espaço na Educação e hoje, mais que nunca, é essencial educar contra o racismo, a xenofobia, a homofobia e todos estes extremismos que não dão lugar a um mundo melhor.
É cada vez mais importante, por isso, apostar na Educação não-formal e regulamentar os programas educativos em contexto escolar. A história, a matemática e as ciências são importantes e contribuem para um conhecimento generalizado sobre o mundo, mas de que vale conhecermos a realidade se não sabemos viver dentro dela?
Acreditamos que a Educação não-formal é o conceito capaz de mudar mentalidades, desconstruir estereótipos, desmistificar profissões, zelar pelos direitos humanos e concretizar os objetivos de desenvolvimento sustentável da Agenda 2030, da ONU. Acreditamos que a sociedade só se desenvolverá quando conseguir gerir as suas relações: eu e eu; eu e o outro; eu e a comunidade. Acreditamos que assim, o impacto da Educação no dia de amanhã será maior que nos dias de hoje.
No entanto, pouco importa defendermos tudo isto, tendo em conta a grande falácia que os programas educativos apresentam, onde os alunos, numa teoria de depósito-aprendizagem, são levados a estudar ao longo de todo o dia, não tendo tempo para cultivar o seu ser. Pouco importa defendermos uma educação de qualidade, quando continuamos a implementar uma disposição de sala de aula totalmente tradicional, inspirada nos tempos dos nossos pais e avós. Pouco importa defender mais políticas educativas a diversos níveis, quando todas as outras áreas parecem importar mais do que aquela que é a área base: a educação. Pouco importam os Técnicos de Educação ao lado dos engenheiros, advogados, enfermeiros e médicos, ou melhor, pouco importam os profissionais da Educação nos concursos públicos, onde parece que qualquer profissional de outro ramo é capaz de executar aquilo que é a nossa atividade profissional.
É neste mundo que queremos continuar a viver? Queremos continuar a fazer textos bonitos sobre a educação e à primeira oportunidade desvalorizá-la? Será que todos os “pouco importa” não importam na verdade? Como dizia Paulo Freire “a Educação não transforma o mundo. A Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo.”