Passado na Cornualha em meados do século XVIII, Ross Poldark é o primeiro romance de uma saga envolvente do escritor Winston Graham. Mais tarde adaptado aos ecrãs, a saga conta com uma trama cativante e uma crítica implícita.

Após combater ao lado do exército britânico na Guerra da Independência dos Estado Unidos, Ross Poldark regressa à sua terra natal, Cornualha, no seguimento da morte do seu pai. Contudo, o lugar que abandonara revelara-se muito diferente daquilo que esperava. Com o seu lar em ruínas e a ausência do seu pai, Ross confrontara ainda a realidade da mulher que amara estar agora comprometida com o seu primo. No entanto, a vida de Ross viria a ganhar uma nova esperança com a chegada de uma jovem rapariga esfomeada e maltratada.

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Com um enredo envolvente e uma luta expressa contra a mentalidade da sociedade da época, Wilson Graham apresenta-nos uma obra inigualável, que almejara até um lugar nos ecrãs. Apesar da cativante trama, o que mais me surpreendeu na obra foi a simplicidade da linguagem utilizada. Apesar da obra se situar em meados do século XVIII, o autor optou por uma escrita acessível, proporcionando ao leitor uma leitura fácil, O que leva a uma aproximação com todo o enredo e, ouso dizer, as emoções e sentimentos dos personagens. Ademais, e apesar da obra ter um foco principal em Ross, Wilson Graham preocupou-se em dar um pouco de protagonismo a todas as personagens que envolvem a história. Outro ponto que me chamou bastante a atenção foi a humildade e humanidade que Ross e Demelza, os dois personagens principais, apresentaram, ao longo de toda a obra, algo que os destaca dos demais personagens.

Considerei também interessante duas passagens da obra, descritivas de dois casamentos distintos: o primeiro retrata uma cerimónia requintada, já o segundo descreve um casamento trivial, comum em classes mais baixas. Apesar de se iniciarem de forma acentuadamente distinta, ambos acabam por demonstrar não existir grande diferença entre os convidados, visto que se comportam de forma similar após beberem um pouco de álcool. Assim, esta passagem é bastante relevante naquilo que refere à crítica social exercida pelo autor e à descrição da mentalidade da época.

Desse modo, considero que não só Ross Poldark como todos os livros desta saga são merecedores de uma leitura atenta e, em contrapartida, capazes de proporcionar uma fuga no tempo e espaço que trarão ao leitor um pouco de esperança e, quem sabe, amor.