O terror dos bandidos da cidade de Gotham, o vigilante de negro que luta para impor a justiça numa cidade corrupta e sem lei. The Batman está de volta ao grande ecrã, desta vez numa abordagem que tanto se assemelha às diversas adaptações, mas que alcança a proeza de ser inovador num universo já tão explorado.

Confesso que entrei na sala de cinema com as expectativas demasiado elevadas. Expetativas são tudo na vida e havia o risco de sair da sessão com um sentimento de desilusão e de amargura, ainda por cima sendo o vigilante de Gotham, o meu super-herói predileto. Tal não aconteceu. Não sai da sessão desiludido, pelo contrário, o filme conseguiu reforçar o meu apreço e amor por este universo.

A sinopse da obra cinematográfica é bastante similar à das obras que antecederam este filme e é particularmente simples. O Vilão aterroriza Gotham e só o Batman o pode deter. O que distingue esta longa-metragem, por exemplo, da trilogia de Christopher Nolan, é a vertente investigativa. O filme tem sido comparado a Seven, clássico filme de investigação, e as comparações não são descabidas. Existe um serial killer tal como nos dois filmes, em vez de Kevin Spacey temos Paul Dano e existe uma dupla de investigadores cujo objetivo é detê-lo. James Gordon (Jeffrey Wright) e o Batman (Robert Pattinson) assumem essa posição. Os enigmas montados pelo vilão e o modo como os nossos protagonistas conseguem desvendá-los tornam este lado de investigação o principal fator que o distingue das demais adaptações.

A caraterização de Gotham também constitui um fator essencial para um bom filme do Homem-Morcego. Gotham actua como uma personagem dentro da história. Apresenta-se uma cidade suja, soturna, onde o sol que ilumina as ruas da cidade é praticamente inexistente. Em vez disso há chuva, lixo espalhado pela cidade e a criminalidade nunca foi tão elevada. A cidade é controlada pela máfia. Em Gotham, não existem tribunais, não existe justiça. O principal juiz daquela cidade é Carmine Falcone, interpretado por John Turturro. Sem esta ambientação a história não teria o mesmo impacto que têm.

A escolha de Robert Pattinson gerou uma enorme balburdia nas redes sociais, mas posso afirmar que aqueles que o desdenharam ficaram rendidos à sua interpretação de Bruce Wayne. Bruce surge como um homem atormentado e depressivo. Notamos o peso e a responsabilidade que o personagem sente. Na minha opinião, Pattinson está exímio no papel. De destacar Zoe Kravitz como Selina Kyle, uma personagem misteriosa e hipnotizante e ainda Colin Farrell, completamente irreconhecível como Penguin. E tenho de mencionar Paul Dano como Charada. O ator compõe um vilão sinistro e arrepiante. Desta forma, é um antagonista que transpira imprevisibilidade e que consegue transpor um sentimento de perigo e de incerteza.

Para finalizar esta longa crítica, gostaria só de propor que antes de começar a ler este texto se ouça a banda sonora desta obra. Michael Giachinno compôs uma das melhores trilhas sonoras de que se têm memória. A primeira aparição do Batman ao som do tema principal provocou-me arrepios de tão ameaçadora e sombria que é. Uma trilha que promete figurar nas melhores da história do cinema e quem sabe até receber uma nomeação.

Concluo escrevendo que apesar da sua longa duração de quase três horas, The Batman é uma longa-metragem a não perder. Sem dúvida, é uma das melhores produções do género.