O primeiro painel do evento debruçou-se sobre o tema das desigualdades no mercado de trabalho.

As XXIV Jornada de Comunicação tiveram início esta segunda-feira, dia 14 de março, pelas 10h. “(Des)igualdades no mercado de trabalho” foi o painel que marcou a abertura do evento, promovido pelo Grupo de Alunos de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho (GACCUM). Juliana Ramalho, profissional de Videografia, Cristiano Santos, jornalista da CNN Portugal, Catarina Melo, profissional de Comunicação Digital e Relações Públicas foram os oradores convidados da sessão.

O momento iniciou-se com a ex-estudante do curso, Juliana Ramalho, que abordou as dificuldades que já encontrou, ao longo da carreira, como mulher numa indústria dominada, maioritariamente, por homens. Segundo a mesma, é necessário “assumir sempre a presença”, não só pelo facto de ser mulher, mas também pela idade pouco avançada ou até mesmo pelo menor grau de experiência.

Para a jovem, fundadora de um projeto independente na área do documentário e do storytelling, é crucial que as pessoas que exercem nesta área “pensem numa perspetiva profissional” e que, as mulheres em particular, “não deixem de dar a sua opinião”. A oradora acrescentou ainda que a solução pode passar pela adoção de uma postura mais “séria e rígida” a fim de combater as assimetrias de género sentidas no meio.

De seguida, foi a vez de Cristiano Santos dar a sua visão relativamente aos desafios que encontrou no mercado de trabalho, na área do jornalismo. Segundo o orador, “a profissão de jornalismo vive muito na base da precariedade e com grandes incertezas” e, por isso, “viver no jornalismo ou na comunicação, no geral, é sempre viver no fio da navalha”. Apesar de ter encontrado estes dilemas no seu percurso profissional, o mesmo afirmou que ter “persistência, perseverança, vontade de ser melhor e não ter medo de errar” são as bases para ser distinguido numa área tão desafiadora.

Relativamente às desigualdades sentidas no meio de trabalho, sobretudo em meio televisivo, Cristiano Santos disse que as chefias são maioritariamente masculinas e que, em áreas como audiovisual e multimédia, é clara essa discrepância entre homens e mulheres. Segundo o jornalista, apenas existe uma mulher na equipa de repórteres de imagem da CNN Portugal.

Catarina Melo, membro do departamento de Comunicação da Universidade Fernando Pessoa (UFP), ressaltou, por sua vez, o importante papel da comunicação para o crescimento da igualdade laboral. Abordou também os desafios sentidos na área especifica da acessória e das relações públicas. Para a profissional, é fundamental ser “muito assertiva e honesta”, caso contrário podem surgir “grandes problemas”.

Referindo-se a dados do Instituto Nacional de Estatísticas do ano de 2020, Catarina Melo sublinhou que, em média, “as mulheres ganhavam menos 14% do que os homens”. Assim, a profissional reitera a importância de “ter paixões, mas também persistência, versatilidade, capacidade de adaptação e confiança no que sabe e quere”, especialmente quando se é mulher.

Além disso, as pessoas convidadas destacaram, ao longo das suas intervenções, a importância da participação ativa em projetos e atividades extracurriculares, da constante aprendizagem no restante percurso profissional e da afirmação, desde muito cedo, das soft skills. De acordo com Catarina Melo, estas competências “devem que ser constantemente treinadas para que se consiga sair da zona de conforto”.