Governo pretende abrir estágios para docentes como no estado pré-Bolonha.

Um diagnóstico do Ministério da Educação prevê a necessidade de contratar 34 mil professores para o ensino público até 2030. No final do segundo período do ano letivo 2020/2021, cerca de 30 mil alunos encontravam-se ainda sem professores.

No próximo ano letivo, a falta de professores pode chegar a 110 mil estudantes e a 250 mil em 2025 a pelo menos uma disciplina, prevê ao Público a investigadora e ex-diretora da Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), Luísa Loura. Estes valores equivalem a “mais de metade dos alunos que atualmente frequentam o ensino do 7º ao 12º ano”. Durante este mês vai ser ultimado o caderno de medidas ao Ministério da Educação sobre a necessidade de formação de professores.

Os professores estão a chegar à idade da reforma em peso, sendo necessária a sua substituição. Algumas das medidas da anterior legislatura colocadas no novo programa do governo passam pela fixação de docentes estagiários. De modo a mitigar a ausência de professores, estes podem lecionar ou rever cursos que permitam exercer a profissão de docentes.

Atualmente, os cursos de formação de professores têm, no último ano, um estágio obrigatório em contexto escolar. Na época pré-Bolonha, bastava ter “habilitação própria” para obter uma licenciatura na área científica das disciplinas a lecionar. “A abertura da docência a potenciais professores com habilitações científicas pode ser um relevante contributo”, afirma o professor da Nova SBE, Pedro Correia, alertando também para a concorrência no setor privado, nas áreas STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática).

Rui Ferreira, ex-vice-presidente do Instituto Politécnico do Porto, afirma que a remuneração e valorização profissional “baixas” afastam as novas gerações da profissão. O deslocamento é também um fator que contribui para a falta de atratividade da área profissional.

As escolas superiores de edução pretendem aumentar o número de vagas nas licenciaturas em Educação Básica, regressando aos valores de 2011. Nessa altura, por decisão do Governo, estes cursos sofreram cortes de 20 por cento nos lugares para novos alunos, mas neste momento as vagas não são preenchidas, existindo cerca de 800 vagas por ano.