A política é, desde sempre, um dos temas mais controversos junto dos jovens, fruto da estigmatização do tema, por parte da sociedade. Por isso, é necessário fazer a distinção entre política, no sentido da participação com filiação ou conotação partidária, e política, num sentido de participação cívica, que está ao alcance de todos, mas sem uma real conexão a um partido político.
Durante a curta passagem pelo ensino superior e pelas universidades, também o associativismo académico é alvo de descrédito, sendo que, muitas vezes, são os próprios estudantes que o colocam de parte. No entanto, a participação ativa no movimento estudantil é crucial para o desenvolvimento de um conjunto de competências dos jovens. A participação permite a identificação e resolução de problemas, procurando soluções criativas e irreverentes, face à escassez de recursos disponíveis e que, ao mesmo tempo, potencia experiências e vivências únicas, que permitem desenvolver o caráter e a personalidade dos estudantes, durante o seu percurso académico, sem nunca esquecer a vitalidade que traz aos próprios dos estabelecimentos de ensino.
É esta presença política, não partidária, que um dirigente associativo ou qualquer outro membro deve ter no seio da sua comissão de curso, academia, em geral, e todo o meio envolvente. É também esta presença que também vai ter efeitos positivos, dentro da área de trabalho, fora da universidade e durante os percursos laborais.
A realidade é que, nos dias de hoje, a presença dos jovens em movimentos associativos é cada vez menor. Questionamo-nos: o que será que se está a passar? de quem será a culpa e quais são os principais motivos? Das novas gerações ou dos novos dirigentes associativos?
Este será, provavelmente, um dos casos nos quais a culpa morrerá solteira. Mas, com algum atrevimento, considero que tudo isto poderá estar, direta ou indiretamente, ligado ao esforço que a população adulta tem feito para denegrir a imagem dos jovens e de todas as iniciativas e movimentos criados pelos mesmos, numa tentativa de autopromoção das suas gerações e anulação daquela que aparenta ser a geração mais bem preparada de sempre e com focos extremamente vincados em áreas cruciais para a vida em sociedade atual.
Era exatamente a esse ponto que pretendia chegar. Graças a estes fatores, muitos de nós, jovens, acreditam e até assumem, publicamente, que o associativismo é uma fachada para os partidos políticos poderem trabalhar populações mais jovens. Por sua vez, de uma maneira completamente contrária, estes movimentos, como, por exemplo, os núcleos, as associações de estudantes, associações académicas, entre outros grupos de participação jovem, acreditam que conseguem lutar pelos direitos das pessoas que representam e da sociedade civil em geral sem necessitarem de um apoio político-partidário por detrás da sua ação e atividade.