Ser aluna de Ciências da Comunicação na Universidade do Minho está a dar-me e foi-me dando muito conhecimento e competências para o futuro. Não o posso negar. Como se costuma dizer: sei de tudo um pouco. Alunos licenciados neste curso ficam a saber como funciona as técnicas de Relações Públicas, como editar uma fotografia, som ou vídeo e a escrever artigos. Mas pergunto-me: isto chegará para entrar bem no mercado de trabalho assim que termino a licenciatura? É preferível sabermos um pouco de tudo em vez de termos mais especialização? Na minha opinião, não. E ser presidente do Grupo de Alunos de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho ainda me ajudou a perceber mais isso.
O meu curso, e acredito que tal como outros, cede muito a vertente prática e sinto que nem um cheirinho temos daquilo que o mundo de trabalho nos espera. Sei que a hipótese de estágios é algo que se tem vindo a falar, mas ao que parece é um objetivo inatingível. Mas se em outros cursos existe essa possibilidade porque é que noutros não? Depois é óbvio que precisamos (a maior parte) de completar com um mestrado, pelo menos. E pessoalmente, sinto que só preciso de mais dois anos de estudo para ter aquilo que não tive na licenciatura e que, na realidade, poderia ter tido. Mas, mesmo sem estágios, há mais por onde se poderia melhorar. E é algo fazível, só não sei porque é que ainda não foi feito. A inércia é a inimiga da inovação, sabiam?
Falemos da vertente do jornalismo: sei escrever artigos desde que passei para o segundo ano da licenciatura. No entanto, estou a fazê-lo há dois anos. A verdade é que não sei tão bem editar um vídeo com carácter de reportagem, fazer vídeos explicativos, ou introduzir e criar dados interativos, por exemplo. A longo prazo, é exatamente disto que vou precisar de saber fazer no futuro, e muito provavelmente vou ter de o fazer sozinha. No entanto, fui aprendendo essas coisas a experimentar ou no Youtube do que nas aulas. Tenho sorte que sou proativa e gosto de aprender coisas. Mas não somos todos assim.
Na especialização de Relações Públicas falta também a capacitação dos alunos para serem freelancers, de como se podem lançar neste mundo, que é o mais aberto no momento e saber como gerir redes sociais. Quem se especializou em multimédia refere a falta, em larga medida, da aprendizagem e contacto com material de trabalho como câmaras, luzes e microfones, sendo que as aulas servem para falar sobre eles, achando que isso equivale a saber usá-los. Como é óbvio, isto são palavras de alunos do curso. A voz deles grita bem alto, mas não os têm ouvido. Neste momento eu estou apenas a ser a sua, defendendo aquilo que eu também própria acredito.
Além disto, há imensas áreas que ficam na sombra. Sei que em três anos não se pode falar de tudo, mas o curso desta academia está bastante desatualizado (e falo deste porque não sei a realidade intrínseca dos outros). Para mim, não faz sentido ter algumas cadeiras teóricas em vez de termos por exemplo, marketing digital social, fotografia editorial, assessoria de imprensa ou jornalismo de redes sociais, por exemplo. Quem é que depois tenta cobrir isto? O GACCUM. E no caso de outros cursos, os respetivos núcleos como temos vindo a observar.
Parece-me então um panorama geral. Todos os núcleos minhotos parecem preocupar-se muito com isto – em dar aos alunos o que o curso não dá. Isto acaba por ser a função principal de todos os grupos e núcleos. Se não for, eu acredito que deveria de ser – visto que a insistência em deixar as coisas como estão é bastante. Enquanto aluna eu já tinha esta perceção, mas foi ao tornar-me presidente do GACCUM que tive a oportunidade de ouvir mais os alunos e percebi que era realmente uma situação a que todos preocupa.
Para terminar, queria dizer que isto tudo não é 100% negativo. Este curso e os outros, fazem realmente um esforço para tornarem os estudantes aptos para o mercado de trabalho. Isso nota-se, principalmente em alguns professores. Mas, na minha opinião, ainda falham. E é aqui que os núcleos poderiam entrar: devem completar estas falhas, ouvindo quem estão a representar e perceber o que pode ser feito para melhorar a as necessidade dos alunos. Apostar na educação não formal de áreas e vertentes esquecidas como as práticas e que muitos até podem nem saber da existência, impedindo que se interessem. Os núcleos devem ser assim capacitadores.