A inflação ronda a ordem dos 3,5%.

Segundo os dados revelados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a tendência de subida dos preços alimentares já não é um fenómeno insólito e há vários produtos que ultrapassam os 3,5% de crescimento. Entre janeiro e fevereiro, o aumento fixou-se nos 0,8%. Se a comparação for feita entre o início do ano e março, a subida foi de 3,5%.

De facto, há produtos que chegam a ultrapassar a média de crescimento face a janeiro, nomeadamente os óleos, que subiram 18,6%. A carne, o pão e os cereais sofreram um crescimento de 3,8%. Na secção do vestuário, registou-se um crescimento de 17,4% e o alojamento aumentou 11,7%.

A economista Francisca Guedes de Oliveira refere à agência Lusa que, “em três meses, aumentos na ordem dos 3%, 4% é imenso”. A economista sublinha ainda que grande parte dos produtos são “de primeira necessidade”, sobrecarregando “o orçamento das famílias”. A verdade é que não só os produtos alimentares ficaram afetados nos últimos meses, também justificados pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Entre janeiro e março, o INE apontou uma subida de 22,0% nos preços dos combustíveis.

Carlos Martins, professor de estratégia empresarial na Universidade Lusíada do Porto, aponta as consequências da crescente inflação. “As pessoas vão ter tendência para comprar menos e haverá quebra do consumo”, o que fará crescer a estrutura de custos das empresas. O professor defende também ser possível “o aumento do preço do dinheiro”, sobrecarregando financeiramente famílias, empresas e outras entidades.

Os próximos dados vão ser revelados pelo Instituto Nacional de Estatística a 11 de maio, mas a perspetiva é de um contínuo crescimento dos preços.