O festival será “gratuito e espalhado” por todo o território barquense.
O Ecos do Lima regressa de 7 a 10 de julho ao seu habitat natural, num cenário incorporado pela “muralha verde do bosque e a corrente” do rio Lima. Este ano, o festival desvincula-se da ideia de recinto fechado e propaga-se por Ponte da Barca, de forma a dialogar com a comunidade barquense em nove espaços da vila minhota.
O Ecos do Lima integra uma associação cultural sem fins lucrativos, a Associação Juvenil do Lima, dirigida por Inês Carneiro, Nelson Barros, Diogo Carneiro e Kevin Pires. Daí surge, como refere a presidente, Inês Carneiro, a necessidade de intervenção cultural. “Balizar-nos só na música não era suficiente”, admite. Assim nasce uma programação eclética, que difunde a música moderna e propõe “contemporaneidade à cultura tradicional”, “mas também dá palco ao cinema, à literatura e às artes visuais”.
O tema da edição de 2022 é o Espaço Líquido. As propriedades do termo líquido invocam algo que é “delinquente e incontrolável”, que não tem forma, que “transborda” e se “espalha por toda a parte”. Trata-se da imagem do festival, figurado no rio, a propagar-se pela vila e a cobrir a comunidade de cultura e de pensamento crítico sobre o mundo. Este é o mote para falarmos de associativismo, “que significa de facto expressão coletiva”, como refere Inês Carneiro. Assim, na ótica da jovem, é precisamente a questão do associativismo que difere o Ecos do Lima dos outros festivais do Minho. O projeto, iniciado em 2015 por Inês e três outros jovens barquenses, foi inclusive galardoado com o prémio Talento Jovem na Cultura, em 2019, pela Federação das Associações Juvenis do Distrito de Viana do Castelo.
“O Ecos do Lima é um projeto que intervém realmente na comunidade e no território”, avança Inês Carneiro. Deste modo, “faz usufruto dos espaços” que incorporam a “memória coletiva” e que pertencem à “vida dos cidadãos”, como o emblemático Café Central, “usando as próprias associações já internas de Ponte da Barca”, nomeadamente os Gaiteiros de Bravães, e cooperando com barquenses que criaram eventos na programação, como o Cinema Molhado e o Encontros com Poesia. A comunidade move, por isso, o projeto. No entanto, a sua finalidade também é a comunidade, ao “intervir culturalmente” e “gerar pensamento crítico sobre o mundo”.
A gratuitidade do festival vem da ideologia assente na propagação da cultura, no diálogo entre território e comunidade e na acessibilidade coletiva. Para o Ecos, o recinto não tem fronteiras, inunda toda a vila e dá espaço a todos.
Na perspetiva da diretora do evento, a “quebra de dois anos”, devido à pandemia, trouxe “sede” de convívio, música e dinamismo às pessoas. Por esse motivo, considera que o festival vai ser um “boom muito grande”. O objetivo do Ecos é fazer a comunidade “sentir-se parte de um todo”, que é Ponte da Barca. As expectativas são altas e Inês Carneiro ressalta: “acho que vamos conseguir”.