Lançado a 15 de junho de 2007, Good Girl Gone Bad surpreende com a sua aura enigmática, transportando os seus ouvintes para uma viagem transatlântica de união entre os estilos R&B e hip-hop. Aclamado pela crítica como o “reprodutor de hits”, o álbum recebeu sete indicações no Grammy Awards, incluindo o título de gravação do ano e canção do ano por “Umbrella”.

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O tom eclético e ousado da obra constituí o primeiro passo da cantora Rihanna como artista. Ao contrário dos estilos de dancehall, reggae e pop dos seus dois primeiros álbuns Good Girl Gone Bad procura inspiração nos anos 80, rock, folk e soul. Posteriormente, verifica-se influências de grandes figuras do mundo da música como Michael Jackson, com um sons inspirados na música  “Thriller” (1982). Assim como afirma a artista, é um álbum onde correu “muitos mais riscos e chances”, abordando temas tabu, como o empoderamento e libertação sexual. É, definitivamente, uma evolução da cantora que se afasta da figura inocente e caminha por composições mais densas em termos líricos e sonoros.

Com o seu brilho e doseada em acordes de guitarra e de baixo tonitruantes que se misturam entre o rock e o hip-hop, “Umbrella” estreia o novo look edgy da cantora. Uma obra-prima, que fez emergir um estilo que só se tornou popular em 2010. Por conseguinte, tornou-se, não só pela voz polida da cantora, mas também por toda a sua composição estética um álbum vanguardista. Por outro lado, o videoclipe não pode ser desagregado do fator inovador do single, que desenhado com um guarda-roupa metalizado e preto, e efeitos de design de topo elevam a cantora a um status de pop star.

Rihanna continua a guiar a narrativa com um hino da noite “Don’t Stop The Music”, atingindo o terceiro lugar na tabela dos Billboard 100. Enquanto apresenta um ritmo energético e um groove extasiante, fala sobre a evasão do stress, numa versão festiva do provérbio universal carp diem. Em termos instrumentais, a guitarra acompanha simetricamente a batida através de pulsos sincronizados, construindo uma expetativa gradativa para o refrão. A melodia distorcida e corrompida numa batida livre preenche o espaço no refrão de forma coerente, fazendo com que o som possua qualquer ouvinte e o seu corpo.

Não obstante, a qualidade sonora é um ponto desfavorável a acústica audível do álbum. Existem inúmeras canções que sofrem ruídos de frequência, e que se tornam bastante desagradáveis, nomeadamente em “Breaking Dishes”, e “Sell Me Candy”.Já “Shut Up and Drive” entrega puro rock, num ritmo dançante e bem executado, tendo em conta os recursos disponíveis. Contudo, ainda florescem alguns problemas técnicos nas camadas sonoras, mas quase impercetível à experiência e qualidade da canção.

O  compositor Ne-Yo participa também no produto final do álbum. Este coescreveu e produziu três faixas, incluindo “Hate That I Love You”. Infelizmente, a sua participação teve um impacto deteriorante. As canção foram, nitidamente, recicladas das suas obras “So Sick” e “Irreplaceable”. Uma tentativa preguiçosa, que desprestigia as cordas vocais de Rihanna e a sua imagem pública. Em contrapartida “Take A Bow” é uma balada, que respira a versatilidade e a capacidade para criar de Rihanna. É uma canção que transmite e respira as emoções mais profundas e desconcertantes, proferidas por um coração partido.

Assim, podemos dividir este álbum em dois momentos importantes. O primeiro resume-se na faixa “Question Existing”, uma reflexão sobre a obscuridade e os demónios na indústria musical, numa luta para encontrar pessoas de confiança “Às vezes sinto que tenho pior”. Para finalizar, a composição “Good Girl Gone Bad”, é uma exibição necessária sobre a perda de inocência e ingenuidade face a uma traição, e os seus danos irreparáveis.

Assim, a máxima de que ingenuidade não volta após ser quebrada percorre o álbum. Uma afirmação que permanece intocável até hoje. Porém como revisto, a linearidade não foi o forte da cantora nesta obra. O que fez com que o valor acrescentado deste álbum baixasse significativamente. Contudo, não o suficiente para arrebatar os hinos intemporais de “Umbrella” e “Don’t Stop The Music”, e todo o tom do álbum, que respira os anos de ouro do hip-hop e R&B.