A comunicação social elabora os rankings com base nos resultados dos exames nacionais e notas internas, disponibilizados pelo Ministério da Educação.

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) e a Federação Nacional da Educação (FNE) consideram que os rankings não representam o trabalho das escolas. Descreveram os critérios como “injustos” e alegaram que ignoram uma série de fatores determinantes no desempenho dos alunos.

“Estamos a comparar o incomparável”, afirmou o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, em declarações à agência Lusa. O responsável vê esta classificação como uma “injustiça tremenda”, sobretudo tendo em conta o contexto de pandemia. Após dois anos com confinamentos, o secretário-geral questionou como se podem comparar desempenhos entre escolas “se vivemos um período em que, reconhecidamente, se cavaram desigualdades”. Nesse sentido, o profissional advertiu sobretudo para a diferença entre estabelecimentos de ensino públicos e privados, dado que os alunos vêm, muitas vezes, de contextos socioeconómicos muito diferentes. Acrescentou que as listagens “acabam por criar estigmas sobre determinadas escolas”.

O secretário-geral da FNE, João Dias da Silva, acredita que os rankings não refletem o desempenho das escolas nem consideram todos os fatores necessários. “Não sou capaz de colocar um ranking em que ponho ao mesmo nível peras, maçãs e laranjas”, afirmou. “São coisas diferentes, são realidades diferentes que não permitem estabelecer uma hierarquia entre elas”, continuou. Assim, desvalorizou os rankings como fator de melhoria da qualidade das escolas.

João Dias da Silva não revogou a disponibilização desses dados por parte do Ministério da Educação, contudo, defendeu que não é possível elaborar rankings com base nisso. Por outro lado, Mário Nogueira desafiou o ministro da Educação, João Costa, a deixar de divulgar as informações que originam estas classificações.

Quanto à queda das notas nos exames nacionais em quase todas as disciplinas, com realce para a negativa de Física e Química, Mário Nogueira afirmou ser uma consequência da pandemia. “Não podemos passar um ano todo a dizer que há défices de aprendizagem, há desigualdades a dispararem e depois surpreendermo-nos com as notas”, esclareceu.