O rock underground português aqueceu a noite fria do primeiro dia de festival.

Arrancou esta sexta-feira, 15 de julho, a segunda edição do ACDROCK em Cambeses, Barcelos. A noite, que começou mais calma do que o esperado, acabou em euforia e deixou as expectativas em alta para o segundo dia de festival.

Passados os apertados caminhos em terra batida, por entre denso arvoredo, chegamos ao Complexo Desportivo de Cambeses. A poeira prometida pelo festival ainda assentava no chão no início da noite, mas o panorama mudou rapidamente quando subiram ao palco os Wildchains.

A banda bracarense, que se estreou nos palcos apenas este ano, entrou cheia de energia numa altura em que o público ainda estava a aquecer. Apesar de terem lançado apenas dois singles até ao momento, tocaram vários outros temas e, mesmo com a voz a falhar e pratos de bateria no chão, começaram em grande o primeiro dia do ACDROCK. No final, o público perdeu a vergonha e pediu “só mais uma”, ao que a banda obedeceu tocando de novo o single “Waterfall”.

 

Os próximos a pisar o palco foram os conimbricenses Mike Vhiles. A “banda rústica” – como se apresentaram – trouxe da zona centro o seu rock de garagem, enrolado em punk, shoegaze e toneladas de reverberação. O resultado da mistura foi um concerto cheio de energia, sobretudo em cima do palco. O público foi-se chegando à frente, a pedido do vocalista, mas ainda se mostrava um pouco tímido.

A seguir, foi a vez de Baleia Baleia Baleia darem espetáculo no Complexo Desportivo de Cambeses. A dupla composta por Manuel Molarinho, na voz e baixo, e Ricardo Cabral, na bateria, levou a Barcelos o rock, ora satírico, ora sério dos seus “hits intercontinentais” e muita interação com o público. O que não faltou foram provas de que “sabem ser punk até ao osso”. No final, puseram toda a gente a berrar em uníssono e deixaram um apelo: “sejam humanos”, relembrando que ninguém é independente e que não vivemos sozinhos no mundo.

O destaque da noite foi para Gator, The Alligator, que anunciaram desde logo que era tarde, mas vinham para fazer barulho. A banda barcelense veio de baterias carregadas e soltou toda a energia em palco, contagiando o público de forma já habitual. A grade que separava a plateia do palco foi ao chão múltiplas vezes e os moshpits foram demasiados para contar, numa altura em que já ninguém sentia o frio das duas da manhã. Houve ainda tempo para pôr a tocar José Pinhal enquanto se afinavam instrumentos, levando ao ar os braços de quase todos os presentes. Durante o último tema, Mike Vhiles juntaram-se à banda no palco e ajudaram a fazer a festa para acabar o concerto de forma estrondosa.

O encerrar da noite foi ao som do DJ set de Manuel Melo, conhecido pelo histórico programa de rádio “Sinfonias de Aço”. O público, já mais espalhado pelo recinto, acalmou os ânimos e descansou para o segundo e último dia de ACDROCK.