Thor: Amor e Trovão estreou-se nas salas de cinema portuguesas a 7 de julho de 2022. O quarto filme do herói da Marvel foi uma das produções mais esperadas do ano na MCU e conta, de novo, com a direção de Taika Waititi.

A longa-metragem começa por introduzir ao público Gorr (Christian Bale), o vilão da história, que é responsável pelo assassinato de vários deuses. O enredo desenrola-se à volta da perseguição de Thor a Gorr, e vice-versa. O Deus do Trovão tem como objetivo impedir o assassinato de mais deuses. Porém, Gorr quer, tal como fez aos outros, matar o protagonista. Com a ajuda de Jane Foster, Valquíria e Korg, o herói dá início à sua missão de pedir ajuda ao poderoso Consílio dos Deuses.

Se há algo que, para além da história, chama a atenção do público é a banda sonora, o que foi bem conseguido nesta produção, com uma excelente seleção musical. O filme tem como tema principal o poderoso som Sweet Child o’ Mine, dos Guns N’ Roses. Bem como outras criações da banda, como Welcome to the Jungle, Paradise City e November Rain.

Para além de dar um ar mais leve, divertido e colorido, a melodia alude, de certa forma, ao filme dos Guardiões da Galáxia, cujos membros do grupo fazem uma participação especial nesta produção. Peter Quill, nos filmes da franquia do grupo, ouve imensas músicas do mesmo género e da mesma altura. Ademais, estão presentes músicas de artistas como ABBA com o tema Our Last Summer, Enya com Only Time, Dio com Rainbow In The Dark, entre outros. Sendo um filme onde a comédia predomina, todos os temas musicais introduzidos contribuem para criar um ambiente divertido, gracioso, impactante, envolvente e cheio de energia. As escolhas musicais encaixam perfeitamente no poster e no trailer do filme. Todo o ambiente visual e sonoro parecem perfeitos.

Há muito que a Marvel tem introduzido o contraste dos momentos de comédia com os vilões, que têm auras mais terroríficas, e foi, claramente, o que aconteceu em Thor: Amor e Trovão. Gorr é um vilão com uma atmosfera muito mais negra e assustadora, como já tinha sido presenciado na série Moon Knight: Cavaleiro da Lua (2022-) e no mais recente filme do Doutor Estranho. Esta combinação acaba por funcionar bastante bem no que toca à paleta de cores e ao estilo visual da longa-metragem. Por um lado, temos Thor que contém uma aura preenchida de cores quentes e vivas. Por outro, temos Gorr, com uma paleta onde predominam os pretos e cinzas.

No entanto, a comédia não resultou tão bem quanto pretendido. No sentido em que há um excesso de piadas relativamente aos momentos sérios. Taika Waititi, que foi elogiado pela sua jogada inteligente na escrita engraçada em Thor: Ragnarok (2017), acabou por cair no excesso.

Nesta obra cinematográfica, sente-se a falta de momentos emotivos e sérios. Todas as situações intensas que poderiam criar um ambiente mais emocional para o espectador acabam destruídas por uma piada, quase sempre vinda do protagonista.

Desde sempre, Thor foi responsável por trazer comédia à MCU e com a sua junção aos Guardiões da Galáxia, igualmente cómicos, nada mais se esperava do que um Deus do Trovão com dotes para o stand up. Porém, o público depara-se com um Thor parvinho e inconveniente. Um exemplo disso é a falta de desenvolvimento pessoal das personagens, sendo o protagonista um deles. Ao longo do filme é referido várias vezes o desejo de paternidade por parte de Thor, todavia sempre em tons irónicos. Tudo isto retira a carga emocional da cena final, visto que o público não tinha sentido, nem criado empatia por essa ideia paternal.

Ainda assim, Jane Foster acaba por ajudar a balançar esse fosso emocional criado. Jane traz para cena assuntos que realmente conseguem abalar o espectador e o deixam mais ligado emocionalmente à personagem. Todas as situações emocionais presentes na produção incluem Jane, o que lhe atribui um caráter mais intenso e sério. A preocupação com a criação de momentos cómicos e leves desviou as atenções de Waititi da construção de um enredo mais forte e coeso. Por isso, a integração de momentos reais sobre a vida das personagens foi dificultada.

Apesar de tudo, Thor: Amor e Trovão consegue captar a atenção do público  e deixar qualquer um vidrado no ecrã durante as duas horas. As cores, as músicas e o elenco merecem a atenção recebida, até porque as artes de representação de Christian Bale e Chris Hemsworth são de outro mundo.