Com apenas alguns meses na SM Entertainment aespa tem segurado o lugar no pódio como um dos grupos sul-coreanos mais influentes e vanguardistas do K-pop. Mas será que a lista para o seu novo mini álbum Girls ( 8 de julho de 2022) faz jus às produções que moldaram o grupo?  É um álbum coeso, com uma acústica simples e uma estética típica de um girl group e é ai que se insere o problema.

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Foi a estética conceptual de aespa, conjugada com o  mundo metafísico e versões avatar de cada membro que segmentou o sucesso do grupo, assim como de toda a indústria do K-pop. Um dos exemplos mais recentes, foi Blackpink, que adotou a estética gaming de avatares no seu novo single “Ready for love”(2022). Este efeito catalisador, construiu a presença do grupo em palcos como Coachella e Nações Unidas.

Não obstante, verifica-se uma transação desta fórmula nas cinco composições de Girls. Apenas a sua composição de estreia, “Black Mamba”, permanece com o formato futurístico que captou os fãs. Continuando a ser uma das suas masterpieces  do grupo tanto a nível gráfico como de coreografia. Já as novas faixas alternam entre baladas suaves a acordes de grande posse, que apesar de se distanciarem na norma acabam por ser um ingrediente elementar para a experiência do ouvinte.

 

Deste modo, percebe-se que pretende levar o foco do álbum  de volta para as artistas, antes de se elevarem para outro patamar.  Traça, assim, um caminho de interrogações sobre que conceito irá seguir aespa. Será que levaram que iram enveredar por sons eletrónicos e vocais poderosos, ou “ICU” é um protótipo na sua nova linha? Afinal o que é assim de tão diferente nesta produção?

Primeiro, o que distingue estra obra é o seu novo panorama. Desde as mixagens de country inseridas no característico pop futurístico das meninas , o que lhe confere um tom fresco e único. Até aos arranjos típicos da cultura ocidental. Com a fama crescente a necessidade de apelar aos mercados internacionais tem feito emergir novos sons. Contudo, acabam por descurar o conceito que deu vida ao grupo em primeiro lugar.

Desde logo, a abertura “Girls” é a personificação da essência de uma estrela do pop. Entre riffs de rock, e uma palete polida de pop, oferece momentos sonoros agradáveis. Em contrapartida, não existe nenhum momento que verdadeiramente se destaque. Além da ausência de um refrão poderoso, os momentos  de gradação perdem a sua oportunidade de brilhar, impedindo que a música alcance o status de iconicidade.

Por outro lado,“ Ilusion” apresenta um desvio da moda do álbum, num registo mais grave do que os restantes, é aquele que mais se aproxima de um refrão futurístico. Mas não é só de sons frenéticos de que é feito este álbum,“ ICU” e “Dreams Come true” trazem sons leves e angelicais dignos do estrelato de aespa. Depois do desempenho de “Lingo” e “Life is to short”, mais concretamente, da sua falta de energia criativa e instrumental ,Girls, consegue recuperar-se na segunda parte.

Inspirada no pop disco dos anos 90, a faixa final “ Dreams Come True”,  mantém-se fiel à estética onírica do grupo. Ao fundir conceitos com uma visualidade de girl crush e angelicais concebe uma nova linha entre os géneros. Um elemento que as distingue no mundo comercial.  É um álbum com música coesa, mas que perde o tronco inicial que colocou o grupo nas tabelas musicais.