O álbum mais recente de Harry Styles, Harry’s House superou as expetativas dos fãs. Após dois anos e meio do lançamento do álbum  Fine Line (2019), o cantor lança, a 20 de maio, aquele que muitos identificam como sendo dos melhores álbuns deste ano.

LORENA R7

Tal como o artista refere, este é o seu álbum mais eletrónico e livre. Por outro lado, é também o mais íntimo. Com a pandemia todos atravessámos uma processo de autorreflexão e Harry não desperdiçou esse tempo. Inspirado no álbum “Hosono House” do artista Haruomi Hososo, Styles decidiu também abrir ao público as portas de sua casa com este agradável álbum.

O 3.º álbum de Styles, como artista a solo, abre com a faixa “Music For a Sushi Restaurant”. O ambiente criado a partir do pop funky está diretamente relacionado com a letra, e, até com o modo como a mesma foi idealizada. Numa entrevista à NPR, o cantor revelou que a ideia surgiu quando, numa ida a um restaurante de sushi, tocou uma das suas músicas. Harry considerou ser  “uma música realmente estranha para um restaurante de sushi”.

De seguida, “Late Night Talking” leva-nos para uma onda influenciada pela disco dance dos anos 70. Esta que foi a primeira música escrita para o álbum e traz-nos  um lado sensível e dedicado do artista para com a sua cara metade.  Após o som “Grapejuice” que abarca, ligeiramente, tal como outras faixas, o tema  e abuso de substâncias.

Segue-se aquele que é um dos pontos mais altos de todo o álbum. “As it Was” foi o primeiro single lançado por Harry, a 1 de abril de 2022. Apesar da máscara da energia e tom otimista, o ex-membro dos One Direction, aborda aqui um tema algo melancólico, como já vem sendo seu hábito. Lançado após o período pandémico, Harry apresenta, neste single, o tema da mudança, ou seja, de como nada será igual ao que era antes (“You know it’s not the same as it was”).

O cantor versa, portanto, a solidão e o passado, a mudança e a paixão. Porém, ao contrário daquilo que aconteceu no seu último álbum, neste a tristeza não implica ritmos lentos, nem os ritmos energéticos implicam temas alegres. Harry consegue agora harmonizar, naturalmente, aquilo que inicialmente pareciam opostos.

Num segundo momento, Harry apresenta algumas baladas  melancólicas, apaixonadas ou nostálgicas, como é exemplo a faixa “Matilda”. Nesta o cantor dirige-se a uma rapariga que não tem uma boa relação com a família e que, por isso, aquilo que devia ser um lar para ela, na realidade, não era. A música associa-se, assim, com o tema global do álbum – a casa.

Tal como o artista afirma em várias entrevistas, esta “Harry’s House” foi sofrendo transformações concetuais ao longo da sua construção. Primeiramente a ideia era a casa enquanto espaço físico, no entanto, esta foi-se tornando algo mais interno, passando de um lar a um estado de espírito e não um lugar. Numa entrevista em abril de 2022 à Hits Radio, o cantor afirmou que o conceito do álbum passou por vários significados mas, na realidade, todos fizeram do álbum aquilo que ele é hoje (“So, it kind of went through a lot of different meanings, and I think all of the meanings that it went through are kind of what makes it what it ended up as.”).

A segunda metade do álbum volta a ter um pouco de tudo aquilo que o compositor tem para dar. No entanto, a energia e a aventura intercaladas com a emoção e a melancolia das músicas iniciais, acabam por afogar ligeiramente as últimas composições.“Cinema” e “Daydreaming” têm uma vibe mais otimista com melodias que chamam qualquer um para dançar antes de entrar “Keep driving”, “Satellite” e “Boyfriends”.

Por último, “Love Of My Life” encerra o álbum da melhor forma possível. Esta declaração de amor ao seu país natal, Inglaterra, tem o instrumental ideal para fechar aquele que é, um álbum completo que cumpre todos os requisitos. Cada instrumento ouvido, desde o piano à bateria, dá um final coeso ao álbum, apesar do ritmo arrastado da peça. Destaca-se neste novo álbum a positividade das letras, comparativamente com álbuns anteriores, o que nos prende ainda mais às músicas do cantor.