Na véspera de Natal de 1948, Braga deu as boas-vindas a Orlando Costa, sem nunca saber no que este se viria a tornar. Jovem, abandonou o penico do céu rumo à capital portuguesa, onde consolidou a sua carreira de ator. Estreou no pequeno ecrã no ano de 1971 e, até aos dias de hoje, preencheu o imaginário dos telespectadores portugueses. Esta sexta-feira, dia 19 de agosto, morreu com 73 anos.
Orlando de Jesus Machado da Costa nasceu a 24 de dezembro de 1948 na Cidade dos Arcebispos. Abandonou a Roma Portuguesa em direção à capital de Portugal para se formar em Teatro, na Escola de Teatro do Conservatório Nacional. Começou a sua carreira em 1969, junto do Teatro Experimental de Cascais, estreando na peça Um Chapéu de Palha de Itália. Após se formar, passou por diversas companhias e acabou por se tornar num dos co-fundadores do Teatro da Cornucópia. Dos espetáculos apresentados pela companhia, fez parte do elenco de peças como O Misantropo (1973), Terror e Miséria no III Reich, A Ilha dos Escravos e A Herança (1974), Pequenos Burgueses (1975) e Ah Q (1976).
Em 1971, Orlando Costa estreou-se no pequeno ecrã. Ainda na televisão a preto e branco, fez parte do programa Vida do Grande D. Quixote de La Mancha e do Gordo Sancho Pança, a adaptação televisiva da peça de teatro da autoria de António José da Silva, O Judeu. Já, em 1974, aventurou-se pelo mundo das dobragens, onde deu voz a Jorge, na longa-metragem Sofia e a Educação Sexual. No ano seguinte, embarcou no universo cinematográfico. Agora à frente da câmara, fez parte da longa-metragem O Funeral do Patrão. De seguida, participou noutra ficção do cinema militante português, da autoria de Eduardo Geada, A Santa Aliança (1977).
Em 1979, deu vida ao protagonista da série policial Zé Gato. Programa da autoria de Dinis Machado e João Miguel Paulino, onde o suspense, ação e drama são os ingredientes que fazem o quotidiano do agente Zé Gato (Orlando Costa) no combate ao crime e cujo o revisitar faz ecoar – A cidade é pra fazer dinheiro / Vê-se que leva um tempo inteiro / Vais passar um mau bocado / Vais ver o que busca, não ser ouvido / No meio de tanto homem vendido / Em silêncio comprado / Quem és tu, Zé Gato?…
No ano seguinte, regressou ao grande ecrã com a longa-metragem de Jorge Silva Melo, Passagem ou A Meio Caminho. Em 1981, Zé Gato voltou a entrar em cena, mas, desta vez, ao abrigo da série policial da autoria de Luís Filipe Costa, Uma Cidade Como a Nossa. No mesmo ano, Orlando Costa passou a integrar o elenco da Tragédia da Rua das Flores, a adaptação televisiva do romance homónimo de Eça de Queirós. Na mesma, deu vida a Camilo Serrão, um pintor frustrado com a vida lisboeta.
De 1988 a 1990, fez parte de quatro produções televisivas, A Mala de Cartão (1988), Crime à Portuguesa (1989), A Morgadinha dos Canaviais e O Processo de Camilo e Ana Plácido (1990). No telefilme, interpretou Nicolau, personagem que antecedeu Miguel Valdez, um aluno que se juntou ao seu professor para, um pouco à margem da lei e usando métodos muito imaginativos, desvendar seis histórias de crime contadas em português. Seguidamente, na minissérie televisiva ajudou a contar o romance homónimo de Júlio Dinis, uma produção sobre o encontro de duas realidades distintas, o campo e a cidade. Por fim, fez parte de uma obra de expressão do amor romântico do século XIX.
Em 1992, Orlando Costa participou na sua primeira curta-metragem, S.O.S. Stress, de Sérgio Godinho. O ator voltou a fazer parte do formato dez anos depois, com a produção de Teresa Garcia, A Dupla Viagem. Entre 2010 e 2011, integrou, ainda, o elenco das curtas-metragens Memória de Cão, de João Morais Ribeiro, e A Viagem, de Simão Cayatte, baseado no conto de Sophia de Mello Breyner Andresen.
Após o seu Pôncio, em Sozinhos em Casa (1994), o seu Esteves, em Nico D’Obra (1994), e o seu Fernando Ribeiro, em Desencontros (1995), no ano de 1997, Orlando Costa presenteou os telespectadores com Juvenal, na série policial de ficção Polícias, com Venceslau, na produção cómica Nós os Ricos, e com Faria, na telenovela Filhos do Vento. No mesmo ano, fez parte do drama português A Sombra dos Abutres. Ainda ao abrigo da Rádio e Televisão de Portugal (RTP), integrou o elenco da série baseada no escândalo sexual que, em 1967, abalou as fundações do Estado Novo, Vidas Proibidas – Ballet Rose (1998), e da vida diária de uma esquadra de polícia, com Esquadra de Polícia (1999 – 2000).
A partir de 1999, Orlando Costa começou a marcar presença em todos os canais portugueses. A aventura iniciou-se com Todo o Tempo do Mundo (1999-2000), telenovela exibida pela Televisão Independente (TVI).
Ainda em 2000, os telespectadores puderam vê-lo em A Raia dos Medos e Almeida Garrett, na RTP, e em Capitão Roby e O Fura-Vidas, na Sociedade Independente de Comunicação (SIC). A proeza repetiu-se ao longo dos anos. Em 2001, fez parte da telenovela Olhos de Água (TVI), das séries A Minha Família é uma Animação e O Bairro da Fonte (SIC) e nas produções Elsa, Uma Mulher de Família e Segredo de Justiça (RTP).
Entre 2002 e 2005, o ator abraçou sete projetos do canal quatro, Super Pai e Sonhos Traídos (2002), Saber Amar (2003), Inspector Max (2004–2005), Ninguém como Tu, Clube das Chaves, Dei-te Quase Tudo (2005). Ao número da perfeição acresceram-se as suas presenças no terceiro canal, com Maré Alta (2004-2005) e Camilo em Sarilhos (2005). Lado a lado à televisão, fez, ainda, parte das longas-metragens A Falha (2002), A Filha (2003), Um Tiro no Escuro e Coisa Ruim (2005).
Já, de 2006 a 2015, Orlando Costa fez parte de quinze produções distintas, incluindo o sitcom Aqui Não Há Quem Viva (2006), a série histórica Conta-me Como Foi (2007), a produção infanto-juvenil Morangos com Açúcar (2007-2009), a comédia Ele é Ela (2010) e da série musical Os Filhos do Rock (2013 – 2014). Em 2018, integrou o elenco da longa-metragem Portugal Não Está à Venda, em 2019, fez parte da série televisiva Sul e, em 2020, deu vida a um taverneiro no telefilme Fronteira.
Mais recentemente, Orlando Costa voltou a dar vida ao seu Teodoro, com a renovada exibição de Conta-me Como Foi (2020). Em 2021, integrou o elenco da telenovela Amor, Amor, na qual deu vida a Júlio Bandeira. Ainda este ano, fez parte da produção da SIC, Por Ti, enquanto o Sargento Silva. Esta sexta-feira, apesar de ainda ter muitas cartadas por ainda dar, morreu, com 73 anos.