O debate decorreu em grupos, de modo a promover o espírito crítico e a partilha de conhecimentos.
Na última quarta-feira, dia 28 de setembro, foi realizado o debate inaugural da Associação de Debates Académicos da Universidade do Minho (ADAUM). O tema incidiu sobre o Ambientalismo e marcou o início do novo ano letivo.
“Esta casa lamenta a narrativa da responsabilidade ambiental individual” foi a moção promovida para o debate. Com um painel de adjudicação composto pela presidente da ADAUM, Mariana Sousa, e pelo vice-presidente, Rui Rodrigues, o objetivo passou por tornar comum o tema que tanto aflige os jovens. Além disso, a iniciativa visa incitar um processo de reflexões e a mobilização das massas na tomada de ações.
A sessão inaugural trouxe diversos argumentos essenciais para a discussão, sendo esses a importância do voto e da democracia na eleição de representantes. Fez parte da conversa o debate sobre a criação de medidas de proteção e restauração do meio ambiente, assim como o investimento na educação ambiental coletiva para as atuais e futuras gerações. A regulamentação das indústrias e do consumo e a atribuição de responsabilidades para a população, os governos e as indústrias foram outros dos tópicos abordados.
O debate contou com diversas perspetivas e interpretações diferentes, sendo principiado pelo governo que aponta o capitalismo no mundo atual. Um dos argumentos defendidos sugeriu que o único objetivo das empresas é o fluxo constante de dinheiro e a produção massificada. Desse modo, cria-se a perspetiva de que cada indivíduo não é responsável pelos problemas ambientais. Isto é, mesmo que as pessoas mudem os seus hábitos, nunca vão controlar a sua pegada ecológica, sendo então um dever dos políticos pressionar as indústrias para haver mudança.
A oposição defendeu a introdução de educação ambiental para as novas gerações, em que a narrativa de responsabilidade individual fomentaria a criação da mentalidade coletiva. Nesse sentido, não é apenas um trabalho individual, como é ensinado atualmente, mas sim algo mais complexo que envolve os diversos setores sociais. Assim, com uma maior consciencialização e educação para as crianças, as mesmas tornar-se-ão líderes com maior ligação ao meio ambiente e mais preocupados com o impacto no mundo.
Reciclar e cuidar individualmente do ambiente “não é suficiente”. Por isso, foi levantada a questão da necessidade dos representantes do Governo criarem medidas ambientais. Uma das sugestões passou por tornar o cuidado com o ambiente numa obrigação legal e não apenas moral, bem como salientar a seriedade do problema.
Por outro lado, sublinhou-se também a urgência da sociedade acreditar na mudança e ser consciencializada, de maneira a votar em políticos que a representem. A oposição afirmou que “a narrativa traz um sentido de responsabilidade, onde há um problema que precisa de ser resolvido, uma luta em que precisamos de remar no mesmo sentido”. A coletividade só vai ser construída pela individualidade, defendeu o grupo.
Outra das preocupações retratadas no evento remete para a incerteza do cumprimento desses objetivos pela maior parte da população. Isto deve-se à falta de mecanismos para reforçar a mudança, e a eficácia da discussão de justiça e atribuição de responsabilidades. Os participantes opinaram que procurar um responsável para resolver as questões climáticas, sejam os indivíduos ou o governo, acaba por desconcentrar a população da questão ambiental. Torna-se, portanto, numa questão desnecessária para a narrativa atual.
“No longo prazo, estamos todos mortos. Se queremos efetivamente combater as alterações climáticas, precisamos de uma mobilização de guerra”, declarou o grupo do governo. A intenção consiste em motivar a procura de medidas imediatas para a crise, voltando a apelar ao sentido democrático da questão. Por sua vez, a oposição rematou que os membros políticos são privilegiados, sendo o status quo e o capitalismo o seu maior guia. Acrescentou que a revolução vem da consciencialização do individuo. “As pessoas precisam de sentir que têm uma voz. O mundo a acabar não é algo que eu possa negligenciar”, afirmou o grupo.
A presidente da ADAUM concluiu a sessão comentando a importância do debate. Apontou que “só a partir da discussão dos problemas é que se consegue intervir”, incentivando os jovens universitários a envolverem-se nas atividades académicas. Além disso, apelou à valorização e à importância do debate para a construção dos jovens em adultos sensibilizados. “As problemáticas precisam de uma intervenção de mentes que vão garantir o futuro. A educação é a chave”, salientou Mariana Sousa.