É com o nome do protagonista em letras gigantes que somos apresentados ao universo de Rocky Balboa, provavelmente o pugilista mais amado da cultura popular. A obra cinematográfica de John G. Avildsen estreou em 1976, e tornou-se imediatamente um título de referência para os cinéfilos.

Desde a sua estreia, muito se ouve falar sobre a história desta longa-metragem. Lembro-me de um relato incessante de um colega de escola que após ter feito uma maratona dos filmes da franquia, sonhava em subir a um ringue e, quem sabe, talvez ser o próximo Rocky. O sonho não se concretizou, mas a vontade de entrar no mundo de Rocky Balboa permaneceu e finalmente, após uma longa espera, tive o prazer ver este clássico dos anos 70.

Rocky conta a história de um pugilista e cobrador solitário envolvido em lutas ilegais. Quando recebe uma proposta para lutar com Apollo Creed, o campeão do mundo do boxe, a sua vida sofre uma inesperada reviravolta. De Zé ninguém transforma-se num herói local. É nesta premissa que assenta a principal crítica de Rocky.

O mundo do boxe não é diferente de qualquer outro desporto, em que a parte desportiva é, por vezes, esquecida e substituída pela parte financeira e pelo mundo do negócio. Existe publicidade, contratos e promotores que pretendem fazer muito dinheiro à custa do protagonista, que julga estar perante um combate real. No fim de contas o combate era um espetáculo onde o que importava não era o desempenho físico do atleta, mas sim a diversão do público e o show off. É de realçar a humildade da personagem principal que não pretendia ganhar o combate, mas sim provar que é capaz de ser alguém.

Não é só o mundo do desporto que é criticado, a própria América e a sua cultura também sofrem críticas. Conhecida como sendo a “terra das oportunidades” o filme mostra que essa realidade não é para todos, mas sim para alguns: aqueles que se deixam corromper e entram no mundo do capitalismo e dos jogos de poder e dinheiro. Os mais necessitados, como Rocky, precisam de enveredar por caminhos menos lícitos para conseguirem pagar as contas e sobreviver num sistema injusto e corrompido.

No que diz respeito à narrativa, existem inúmeras cenas que irão ficar gravadas na memória de todos aqueles que já tiveram o prazer de assistir a este filme. Tal como, o momento em que Rocky sobe uma escadaria, que mais tarde seria batizada de “Rocky Stairs”, ao som de uma música que é capaz de dar motivação mesmo até aos mais preguiçosos.

Ademais, a cena em que Rocky e Apollo finalmente se confrontam fecha o filme com chave de ouro. O combate é emocionante. O espectador sente nervos e receio quando o herói é atingido, e fica histérico e cheio de adrenalina quando é a vez de Apollo. O que começa como um espetáculo de vaidades acaba como uma batalha campal com costelas e narizes partidos e com uma declaração de amor de Rocky que, apesar de mal conseguir abrir os olhos e de estar completamente ensanguentado, acaba por ser romântica.

Rocky é um dos grandes filmes dos anos 70 e um clássico que irá inspirar gerações a quererem perseguir uma carreira de pugilista. Será relembrado pelas suas cenas inesquecíveis e pelo protagonista humilde e lutador que é Rocky Balboa.