Atualmente ainda persistem desigualdades no acesso à informação.
Celebra-se esta quarta-feira, dia 28 de setembro, o Dia Internacional do Acesso Universal à Informação. A data é comemorada desde 2015 e remete para a 74ª Assembleia Geral das Nações Unidas. Na assembleia, determinou-se que o acesso à informação “é um direito humano fundamental que desempenha um papel central na capacitação dos cidadãos”.
O jornalista do Notícias ao Minuto, Hélio Carvalho, em entrevista ao ComUM, revela a importância que atribui à informação. “Viver na ignorância não deve ser sinónimo de vida em sociedade, de uma vida em democracia”, destaca. O licenciado em Ciências da Comunicação na Universidade do Minho (UMinho) entende que as pessoas devem querer ter informação sobre tudo. “Sobre o destino dos impostos que pagam e sobre o que os políticos que elegem estão a fazer pelo país”.
No que toca às desigualdades de acesso à informação, Hélio Carvalho entende que o facto de os jornais cobrarem subscrições, e o próprio acesso à internet não ser generalizado, torna o tudo mais polarizado. “O acesso é mais difícil para aqueles que não têm tantas facilidades financeiras”, declara. Acrescenta ainda que o acesso depende também da educação. “Nós como jornalistas aprendemos a informar-nos de forma muito diferente dos economistas, por exemplo”.
Por outro lado, o jornalista aponta um aspeto positivo no atual acesso à informação. Com o surgimento da Televisão Digital Terrestre (TDT), o acesso ao nível básico de informação ficou mais simplificado à população. No entanto, “o acesso a cinco canais e à internet torna a receção de informação muito diferente entre as pessoas com mais e menos condições financeiras”.
“As redes sociais complementam o jornalismo e o jornalismo complementa as redes sociais”, afirma o jornalista. Desta forma, acredita que não se deve associar as tecnologias e as redes sociais apenas ao lado mau da informação, mas não descorar dos cuidados associados à pesquisa de informação fidedigna. O problema, para Hélio Carvalho, é quando os conteúdos publicados são “sem filtro, sem pesquisa, sem informação, sem entrevistas, sem contraditório, sem nada”.
Os “alertas” noticiosos fazem também parecer com que toda a informação transmitida seja importante, o que é errado. Segundo o jornalista, “chega-se a um ponto que falar de um assunto internacional passa a ser do ponto de vista simbólico para o consumidor”. “As eleições do Chile são tão importantes para os portugueses como o aumento do combustível?”, exemplifica.
Por fim, Hélio Carvalho admite que “dá trabalho construir uma notícia falsa”. No entanto, o que mais falta “é educação mediática, para as pessoas perceberem em que fontes devem confiar e quem devem seguir”.