Após uma pausa de três anos, a atriz, cantora e compositora norte-americana, Sabrina Carpenter, apresentou ao mundo pela Island Records, o tão desejado quinto álbum. A 15 de julho, Emails I Can´t Send dá o nome ao mais recente projeto da artista. Marcando as 13 faixas mais pessoais da sua carreira.

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Emails I Can´t Send chega na sequência do recém-contrato com a nova gravadora e do avanço abrupto da cantora no mainstream. Mais concretamente, da recente polémica proveniente de um suposto triângulo amoroso. O que leva Carpenter a criar uma série de emails pessoais, com o objetivo de recuperar a sua narrativa e guiar o ouvinte na sua montanha-russa de emoções.

A cantoa dá início a esta “montanha-russa” com “emails i can´t send”, som que dá também título ao álbum. Nesta balada triste, com menos de dois minutos, a cantora faz-se acompanhar do piano e da voz doce, numa espécie de crescente sonora. Deste modo, à medida que a melodia se intensifica, a jovem revela a perspetiva de uma filha que descobriu que o seu pai teve um caso extraconjugal. Revelando como esse caso de infidelidade impactou negativamente a sua própria visão sobre o amor. Por ser tão pessoal e detalhada, a faixa-título é sem dúvida a sua abertura mais crua, autorreflexiva, consistente e bem escrita da artista até hoje.

Outras faixas como “”Vicious””, “how many things” “Tornado Warnings” ou “decode” são uma espécie de extensão da introdução. Nessas faixas, Carpenter dá a conhecer as marcas negativas e as fragilidades que teve nos relacionamentos pelos quais já passou. Se por um lado, em “”Vicious”” e “Tornado Warnings” ouvimos um ritmo rápido e explosivo mais alegre e pouco condizente com a lírica. Por outro lado, nas outras duas composições o ritmo lento e melancólico é aquele que prevalece. Nestas duas últimas a letra tem grande destaque, sendo apenas acompanhada por suaves acordes de guitarra.

Posteriormente, “how many things” demonstra, a beleza de uma letra direta e sincera, feita com pequenos pormenores e perguntas retóricas. Também as metáforas reinam na composição, como é o caso do primeiro verso: “usaste um garfo uma vez, acontece que os garfos estão por toda a parte”. Esta passagem, pode passar despercebida enquanto ouvimos. Contudo, quer deixar transparecer que até algo supostamente tão banal como um garfo, ilustra uma memória da pessoa que amou. Uma forma lírica inteligente da cantora.

O melhor single do álbum foi sem dúvida “because i liked a boy”. Esta faixa lida com as difíceis suposições que Sabrina enfrentou depois de a transformarem numa “vilã” de suposto um triângulo amoroso. Aqui Carpenter compara a inocência do relacionamento dela e de Joshua Bassett com a reação brutal do público, tudo porque ela “gostava de um menino”.

O hit caminha, assim, na linha ténue entre o humor irónico (“Namorar rapazes que têm ex/Não, eu não recomendaria”) e a angústia genuína (“Agora sou uma destruidora de lares, sou uma vadia/Recebi ameaças de morte que podiam encher camiões/Diz-me quem sou, acho que não tenho escolha/Tudo porque gostei de um menino”).

Há também mais alguns singles, como é o caso da décima e décima primeiras faixas,“Fast Times” e “Skinny Dipping”. A primeira, por ser repetitiva tanto liricamente como melodicamente, devido à mesma batida de bateria, fica no ouvido facilmente. No entanto, ainda que seja boa para tocar nas rádios ou até para o grande público no mainstream, torna-se cansativa.

Já a segunda, por outro lado, impressiona por ser possivelmente a menos convencional de todo o álbum. Os versos, logo desde o início, não combinam com o beat instrumental que a maioria das músicas costuma apresentar. No entanto, não se torna um fator negativo, pois esta estranha “narrativa” na música torna-a única e inesquecível.

Para além disso, esta disparidade sentida na lírica e na melodia acontece apenas nos primeiros segundos da faixa. Depois, no pré-refrão, as duas acabam por se encontrar e formar um som envolvente. “Skinny Dipping” ganha o coração dos fãs por ser também ele metafórico. “Nós temos nadado na beira de um penhasco/Sou resistente, mas estou a afundar com o navio/Seria tão bom, não é? Não é?/ Se pudéssemos tirar tudo e apenas existir/E nadar nuos em águas passadas”.

Parece que desta vez a cantora conseguiu pressionar o botão e enviar os 13 emails mais pessoais da sua carreira para os seus ouvintes. No geral “Emails I Can´t Send” é um álbum consistente que combina os desgostos amorosos da cantora com o seu humor provocador. Às vezes dançante, outras melancólico, às vezes explosivo, outras calmo, este quinto álbum de estúdio de Sabrina Carpenter mostrou ser versátil, verdadeiro e impactante em todos os sentidos.