Cinco equipamentos minhotas estão em prova numa modalidade onde Portugal é uma potência mundial.

Fora do núcleo do futebol, o hóquei em patins é uma das modalidades que mais fãs reúne em Portugal, sendo também uma das mais antigas no nosso país. A primeira edição do Campeonato Nacional de Hóquei em Patins remonta para o longínquo ano de 1938, edição essa que acabou vencida pelo Sporting CP. De cá para lá, realizaram-se mais 81 edições.

Em Portugal, os moldes de apuramento de campeão não são aqueles aos quais o público está mais acostumado. Catorze equipas entram em prova e defrontam-se por duas vezes cada, em casa e fora. Concluída essa fase, denominada de “fase regular”, os três últimos classificados são automaticamente despromovidos à segunda divisão, enquanto que os oito primeiros jogam uma espécie de play-off com vista ao apuramento do campeão.

Nesse momento da competição, a grelha de jogos é delineada conforme a classificação obtida pelas equipas na fase regular: o primeiro classificado joga contra o oitavo, o segundo contra o sétimo, e assim sucessivamente. A partir daí, manda a lei do “bota fora”, sendo que cada eliminatória é decidida à melhor de três jogos. As duas equipas que sobram, por sua vez, jogam a final à melhor de cinco encontros.

O domínio dos três grandes também se verifica nesta modalidade. SL Benfica e FC Porto (campeão em título) são destacadamente as duas formações que mais vezes se sagraram campeãs, com 23 e 24 títulos respetivamente. O Sporting CP fecha o pódio com nove conquistas, mais uma do que o CD Paço de Arcos. A lista de campeões é ainda integrada por HC Sintra, OC Barcelos, Clube Futebol Benfica, GD Lourenço Marques, CA Campo de Ourique, CF Lourenço Marques, CD Malhangalene, GD CUF e AD Valongo.

Quanto às demais competições, a Taça de Portugal pode ser considerada a segunda mais importante do calendário do hóquei em patins nacional. Inaugurada em 1975, a prova rainha conta já com 45 edições e a lista dos maiores conquistadores da mesma não se altera muito. O FC Porto é o maior campeão tendo vencido o troféu por 18 vezes, seguido do SL Benfica com 14. Sporting CP, OC Barcelos e UD Oliveirense partilham o terceiro posto com quatro troféus cada, e o HA Cambra fecha o lote de vencedores com uma conquista.

Transversal a quase todas as modalidades coletivas disputadas no nosso país, também o hóquei conta com uma supertaça, realizada no início de cada temporada, que nada mais é que um jogo único que coloca frente a frente os vencedores do Campeonato nacional e da Taça de Portugal da temporada anterior. Neste campo o FC Porto é, com muita folga, o maior titulado, tendo conquistado 23 das 37 edições jogadas até ao dia de hoje. A seguir aos dragões, seguem-se o SL Benfica com sete, OC Barcelos com quatro, Sporting CP com duas e AD Valongo com uma.

Em 2016, foi ainda criada a Elite Cup, que consiste num torneio amigável, realizado na pré-época entre os oito melhores classificados do Campeonato anterior. A competição conta apenas com seis edições até ao momento e apenas quatro vencedores: FC Porto e Sporting CP com duas conquistas cada, e SL Benfica e OC Barcelos, em 2021.

Em termos internacionais e contrariamente áquilo que se verifica, por exemplo, no futebol, Portugal é uma das maiores potências mundiais de hóquei em patins. Das 56 edições da Liga dos Campeões de hóquei em patins realizadas até ao momento, oito foram conquistadas por equipas portuguesas: três para o Sporting CP, duas para SL Benfica e FC Porto e uma para o OC Barcelos.

Também na Taça CERS se sente o poderio das equipas portuguesas. O OC Barcelos é a equipa mais titulada de toda a competição com três troféus, sendo que cada um dos três grandes conquistou também a prova por duas vezes. CD Paço de Arcos, UD Oliveirense e GD Sesimbra também conheceram, por uma vez cada um, o sabor da vitória na competição.

No entanto, a grande projeção do hóquei em patins nacional é dada, precisamente, pela seleção nacional. À parte de ser a equipa com mais Jogos Mundiais (quatro) e Taças das Nações (19) conquistadas, Portugal é ainda a turma que mais vezes foi campeã europeia, tendo-o conseguido em 21 ocasiões. A Seleção Portuguesa sagrou-se ainda campeã mundial por 16 vezes, ficando apenas atrás da Espanha, com 17. No entanto, no consumado de todas as competições, Portugal é a seleção mais titulada no mundo, contando já com 60 troféus.

Restringindo o olhar às equipas minhotas, são cinco as formações do Minho que vão participar no Campeonato Placard Hóquei em Patins 2022/23: OC Barcelos, HC Braga, Famalicense, Riba D’Ave e Juventude de Viana.

Os barcelenses, como já deu para perceber, são a formação que mais se aproxima dos três grandes, quer historicamente quer atualmente. Nos tempos mais recentes, a equipa às ordens de Rui Neto tem apontado à conquista do Campeonato Nacional, algo que não acontece desde 2001. De resto, o OC Barcelos tem já 74 anos de história e 19 títulos oficiais e conta com o apoio acérrimo da sua fervorosa massa associativa. Não raras vezes o Pavilhão Municipal de Barcelos esgota para ver os pupilos de Rui Neto e a claque Kaos Barcelense acompanha a equipa para todo o lado.

O HC Braga, por sua vez, é um clube bastante jovem, que, apesar de fundado em 1988, só em 2005 se estreou na Primeira Divisão. A equipa bracarense conta com Tó Neves enquanto treinador principal, ele que foi um dos grandes jogadores do hóquei nacional. Ainda assim, a experiência do técnico contrata com a irreverência e juventude do plantel.

O Juventude de Viana é mais uma formação minhota que transita da Primeira Divisão da temporada passada. À semelhança do HC Braga, também os vianenses têm um nome histórico no banco: Reinaldo Ventura. Nas últimas temporadas a formação minhota tem tido prestações irregulares no Campeonato Nacional, pelo que não passar por aflições na tabela será um dos principais objetivos para a nova temporada.

De volta à principal divisão do hóquei em patins nacional estão o Riba D’Ave e o Famalicense. As formações minhotas desceram ao segundo escalão na temporada 2020/21 e sobem novamente juntas para a edição 2022/23. Há muita curiosidade para perceber o que cada uma das formações vai conseguir fazer neste regresso à elite da modalidade em Portugal, mas, na teoria, a manutenção é o primeiro objetivo a atingir.

O Campeonato Placard Hóquei em Patins 2022/23 arranca já no dia 17 deste mês, com o HC Braga a ser a primeira formação a entrar em cena, frente ao Parede FC. Nesse mesmo dia, há ainda, curiosamente, dois dérbis minhotos, com o Famalicense a receber o Riba D’Ave e o OC Barcelos a defrontar o Juventude de Viana.