A iniciativa, pioneira universal, tem permitido a inclusão de milhões de cidadãos que sofrem deste problema.

O projeto ColorADD consiste num conjunto de símbolos que codificam cores e facilitam a sua identificação por parte de pessoas com daltonismo. O alfabeto, de autoria de Miguel Neiva, designer de comunicação e aluno da Universidade do Minho, já é empreendido em cerca de 80 países.

Sensibilizado pelo problema, Miguel Neiva desenvolveu, na sua tese de mestrado em Design e Marketing, um alfabeto de símbolos que relaciona as cores primárias. Por exemplo, um triângulo invertido representa o azul, uma linha diagonal o amarelo e um triângulo o magenta.

Em entrevista à RUM, o designer adiantou que cerca de 17% das pessoas que sofrem de daltonismo só o descobrem depois dos 20 anos, o que gera perda de confiança no contexto social e profissional. Para combater o obstáculo, Miguel Neiva já levou o ColorADD e o teste de diagnóstico Ishihara a mais de 1.700 escolas de todo o mundo onde milhares de crianças fizeram o rastreio e viram o mundo “através dos olhos dos outros”. Segundo o criador, esta campanha de consciencialização auxilia na prevenção de bullying nas escolas.

Atualmente, este código já foi adotado por mais de 80 países e considerado uma das 40 inovações que vão mudar o mundo, segundo a revista Galileu. Já é usado em semáforos, material escolar, depósitos de reciclagem, no jogo UNO, em bandeiras de praia e até no Estádio do Dragão. Assim, este torna-se no primeiro estádio do mundo a implementar esta simbologia com o intuito de auxiliar os adeptos no acesso aos lugares e saídas.

Recentemente, foi lançada a aplicação ColorADD que permite “identificar em tempo real a cor de determinado objeto ou roupa que estamos a ver e automaticamente relacioná-la com o código ColorADD referente à mesma”. Já no próximo mês de novembro, vai ser lançada a versão árabe da app, o que vai permitir que esta rede se expanda cada vez mais.

O daltonismo, um distúrbio da perceção visual que dificulta ou incapacita a distinção das cores, afeta uma grande percentagem da população. Existem cerca de 350 milhões de daltónicos no mundo, com maior incidência nos homens visto que o daltonismo é causado por uma alteração no cromossoma X.