Caso 39, do diretor Christian Alvart, foi alvo de várias críticas depreciativas desde a sua estreia, em 2009. Apesar do filme de terror assentar numa premissa misteriosa em torno de uma criança, a história só é apelativa nos primeiros instantes do desenvolvimento e construção da narrativa.

O enredo de Caso 39 segue uma menina que aparenta ser doce e inocente. Frágil e traumatizada devido ao abuso dos pais, Lilith desperta a atenção de Emily Jerkins, uma assistente social que aconselha famílias e protege crianças em risco. Mas depressa Emily percebe que a protagonista é muito mais do que uma criança abalada: ela é a causa e a solução do problema.

Contudo, a obra cinematográfica cai no cliché no seu ramo. Falha nos critérios de originalidade e criatividade pela existência de outros títulos com narrativas muito semelhantes. Os parâmetros são praticamente os mesmos, o desenvolvimento das personagens é previsível e o final não traz nada inovador ou ainda surpreendente. Estes fatores fazem com que o filme perca o seu valor e interesse. Cinge-se pelos clássicos. Por isso, o fator de criatividade ou originalidade é praticamente inexistente nesta longa-metragem.

Por outro lado, o elenco foi uma agradável surpresa. Jodelle Ferland foi muito bem escolhida, trouxe a doçura e a perspicácia necessárias para a sua personagem. Desde as cenas mais pacíficas às mais determinantes do filme, mostrou-se apta a apresentar as diferentes facetas e emoções da sua perturbada personagem. As suas cenas de maior relevo foram, sem dúvida, as de suspense e ação.

A sua co-star, Renné Zellweger, fez um trabalho excelente a captar a essência de Emily. No seu caso particular as cenas que trouxeram um maior impacto foram as do clímax da história, que surgiu entre o meio do filme e o seu final. A química das duas atrizes, tanto uma com a outra como com as outras personagens, trouxe um senso de proximidade real, especialmente em relações como a de Doug e Emily, que tinham uma química amorosa e também física, ainda que desenvolvida muito superficialmente.

O ritmo de Caso 39 foi adequado aos desenvolvimentos da narrativa. Por isso não se sente um desajuste entre o tempo dado e o desenvolvimento das cenas, especialmente nas que apresentam um maior foco visual.

Para além disso, a junção da fotografia com a banda sonora do filme foi excelente, em momentos como a assombração com os pais biológicos de Lilith. No entanto, desapontou em cenas mais gráficas que precisavam de um efeito especial mais desenvolvido. Alguns planos acabaram por falhar o seu propósito pela falta de realismo.

De forma geral, a longa-metragem americana pode ser uma sugestão para quem gosta de obras do género. Porém, com a consciência de que não traz nada de surpreendente ou inovador em si.