O gosto move os artistas de rua

A partir de 1975, o primeiro dia do mês de outubro ganhou outro significado. Passou a ser celebrado nesta data o Dia Mundial da Música, como forma de levar a música a todos. Neste dia, o ComUM pretende relembrar os músicos que usam as ruas como os seus palcos, e que, desta forma, conseguem trazer música ao dia-a-dia das pessoas.

Gonçalo Pires é um jovem de 20 anos, bracarense, que usa a rua como palco para não só explorar outros estilos de música no seu violoncelo, mas também como um passatempo, já que vê esta arte como forma de diversão e de convívio com outros instrumentistas. O estudante da Royal Academy de Londres revela que estar na rua permite-lhe ter mais visibilidade e que “surgiram outras propostas, para tocar noutros eventos, casamentos” a partir destas atuações.

Rui Ribeiro é músico autodidata e toca viola na rua há muitos anos. O vimaranense revela que, inicialmente, não via a música como uma fonte de rendimento, mas apenas como uma diversão. “Só há pouco tempo é que comecei a pôr o saco para me deixarem dinheiro”, garante.

Quando toca na rua, Gonçalo Pires dá preferência a músicas mais conhecidas pelo público dos estilos pop e rock. Sendo assim, entende que a música se enquadra aos diferentes públicos que encontra. “O público é muito variado e permite ver diferentes reações, desde os mais novos aos mais idosos”, afirma o violoncelista.

O músico vimaranense entende que, por passar muito tempo a tocar nas ruas da cidade minhota, é conhecido pelos locais. Sente-se bem recebido nas ruas de Guimarães. “Sou muito bem recebido e sinto que o público gosta do que ouve, e gosto muito do que faço”, declara o músico.

O gosto é o que move os dois artistas a tocar nas ruas. “Também acho importante levar a música à rua e dar a conhecer os instrumentos clássicos”, afirma o violoncelista. Sendo assim o músico toca com a regularidade que quer, sem um horário estruturado.

Sobre os pontos positivos sobre tocar na rua, Gonçalo destaca a facilidade, descontração e espontaneidade. A proximidade do público foi algo que também enfatizou durante a entrevista. “Gosto da proximidade do público e na rua só para quem realmente gosta do que está a ouvir”. Sobre o feedback do público, o músico afirma “gosto que falem comigo sobre o que toco”.

Gonçalo Pires afirma que “a música de rua melhora o ambiente da rua, da cidade”, no entanto, Rui Ribeiro entende ser difícil a requisição de autorização para tocar na rua. Denuncia também a falta de apoios e o excesso de multas passadas por falta de documentação.