Agustina Bessa-Luís, escritora de renome portuguesa, celebra o seu centésimo aniversário este sábado, dia 15 de outubro. Com origem nos vales do Douro, é a autora de obras como Mundo Fechado (1948) e A Sibila (1953).
Agustina foi introduzida no mundo literário aos 15 anos, quando o seu pai lhe ofereceu A Selva, de Ferreira Castro, afirmando-o como “o melhor livro de um escritor português”. Após concluída a leitura, Agustina retrocou que “se isto é o melhor livro de um escritor português, eu vou fazer o melhor livro de um escritor português”. Nasceu, nesse momento, uma talentosa e ousada escritora.
Apesar de audaz, e talvez até presunçosa, a autora assume o peso das suas palavras e trabalha arduamente para apresentar Mundo Fechado. Ao estar “tão segura, tão segura” das suas capacidades, enviou o fruto do seu trabalho aos maiores nomes literários da época: Aquilino Ribeiro, Ferreira de Castro, Teixeira de Pascoaes e Miguel Torga.
Os primeiros dois enviaram prontamente cartas de entusiasmo celebrando o nascimento de uma grande autora. Já Teixeira de Pascoaes, embora tenha enviado também uma carta onde partilhava o entusiasmo dos seus compatriotas, o documento extraviou-se nos correios. Assim, Agustina apenas tomou conhecimento da carta após a morte do escritor. No entanto, nem todos os autores partilharam o mesmo entusiasmo, tendo sido Miguel Torga o mais reticente relativamente ao trabalho da romancista.
Os seus primeiros anos literários não se revelaram como sendo geniais. A sua obra de estreia, apesar de bem recebida pelo público, rapidamente atraiu a atenção dos resistentes defensores do modernismo e do neorrealismo, que não reconheceram o talento de Agustina.
No entanto, ao publicar A Sibila, em 1954, elevou-se a um patamar impossível de ignorar, ao vencer prémios como Delfim Guimarães e Eça de Queirós. A obra aborda temas como os desejos e ambições do dia a dia ou a inveja e as intrigas características do ser humano.
Este reconhecimento público trouxe-lhe um orgulho imenso, ao apelidarem a o romance de austero e difícil. Para Agustina não havia melhor adjetivação para atribuir a uma obra. Assim, honrou a promessa feita ao pai, e depressa passou a ser reconhecida por renomados autores franceses e russos.