O país confere 1,1% da riqueza nacional ao ensino superior, revelando que está 0,4% abaixo da média da OCDE.

Na última segunda-feira, dia 3 de outubro, foram divulgados dados que mostram Portugal como um dos países que menos investe no ensino superior. Os dados foram recolhidos pelo Education at Glance, um relatório anual desenvolvido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

Nesta perspetiva, a OCDE indica que o país não consegue atingir a média indicada dos quase 17.600 dólares anuais. Portugal investe apenas 11.858 dólares, isto é, cerca de 12 mil euros por cada aluno que decide ingressar no ensino superior. Assim, no quadro europeu, Portugal só se encontra acima da Grécia e da Lituânia.

Por outro lado, o perito nacional da OCDE, Paulo Santiago, evidenciou, na reunião realizada na segunda-feira para analisar o relatório, que Portugal evoluiu consideravelmente nos indicadores de qualificação do ensino superior. Pois, em 2021, Portugal conseguiu atingir a média europeia de qualificações do nível universitário com quase metade da população entre os 25 e os 34 anos a concluir o ensino superior.

Para além disso, o relatório acrescenta ainda que o “prémio salarial” que um diplomado recebe é muito maior do que os restantes trabalhadores portugueses e está acima da média estabelecida. “Os benefícios da conclusão do ensino superior no mercado de trabalho são especialmente fortes durante as crises económicas”, pode ler-se. Desta forma, no relatório conclui-se que os diplomados ganham mais do que a restante população ativa e foram menos atingidos pelos efeitos da pandemia.

Ainda assim, o ensino superior em Portugal levanta alguma preocupação à OCDE. A organização considera que o sistema de ensino português é “largamente orientado para as necessidades das faixas etária tradicionais”. Dando poucos apoios aos adultos que desejam ingressar no ensino superior. A organização aponta assim que, apesar de Portugal ter vindo a investir mais na educação, não é o suficiente para abranger este setor, também importante para a formação de uma população mais qualificada.

Neste sentido, o anterior subdiretor da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência, Pedro Abrantes, em entrevista ao jornal Público, afirma que Portugal foi alvo de um “sub-investimento crónico na educação que foi, por fim, superado, mas não foi compensado”. Em relação às despesas na educação, Pedro Abrantes refere que esta “é praticamente toda absorvida por gastos correntes, deixando o resto na dependência de fundos europeus”.