Depois de passar por um ano atribulado, na vida profissional e pessoal, o cantor Joshua Bassett lança, a 23 de setembro de 2022, o seu novo EP Sad Songs In A Hotel Room. Neste trabalho, o cantor transforma os problemas que o atormentam numa doce, porém curta trilha sonora musical.

Music Times

O cantor e compositor, Joshua Bassett, decide expor, a todo o público, as histórias dos vários traumas, separações e superações pelos quais teve que passar.  Em “Crisis” (2021), o artista já tinha dado a conhecer as “ameaças de morte” que lhe fizeram chegar ao longo de todo o processo. No entanto, com o EP Joshua reforça e detalha ainda mais as suas maiores dificuldades, quer no amor, quer na saúde mental, quer nas relações familiares.

A primeira faixa “Sad Songs In A Hotel Room”, que dá nome ao EP, dá exatamente a ideia que o seu título propõe: uma balada triste com uma lírica reflexiva, escrita num quarto de hotel. Melodicamente, a balada não varia muito de batida, contando sempre com a guitarra-acústica – instrumento predileto do cantor. Liricamente, Bassett recorda algumas memórias passadas com o seu par romântico.

O próprio videoclipe permite-nos perceber diferentes linhas de tempo: uma no passado e outra no presente. Enquanto, no passado as cenas são alegres e de partilha de momentos de ternura e amor com a outra pessoa. No presente, o cantor aparece nos mesmos locais e a exercer as mesmas atividades, porém sozinho. Esta realidade é, por muito que pessoal, abrangente a todos nós e dessa forma cria uma identificação quase total, afinal todos nós perdemos algo ou alguém dos quais já estamos habituamos/familiarizados.

Mas, este álbum não retrata apenas relacionamentos falhados do artista. Em “Liftime”, Bassett, inspirado pelos diagnósticos ligados a problemas de saúde mental e ao problema de insuficiência cardíaca, resolveu revelar o momento que o deixou entre a vida e a morte. O jovem inicia a letra como uma espécie de mensagem para a mãe, onde relata a necessidade que tem de a ter por perto devido ao seu estado físico e mental degradante: “O doutor disse que eu tenho doze horas/ liguei para ti sem pensar duas vezes”.

Este disco tão pessoal, foca a atenção do ouvinte na composição que mostra ser brilhante e poeticamente bem construída. Bassett canta com autenticidade, e por isso é fácil acreditar nele e no seu sofrimento.

Ainda na lírica, a peça central é o refrão absolutamente sublime, onde Bassett afirma: “Eu não vou dizer adeus ainda/ Tu não sabes que és a minha tábua de salvação.” Cada música do EP utiliza uma mistura de guitarra acústica, piano e backing tracks que embalam o ouvinte numa melodia. Assim, o fundo acústico simples serve perfeitamente ao longo das faixas, criando pouca distração às letras bem escritas de Bassett.

Smoke Slow foi na realidade a primeira música do EP a ser lançada. Nesta Basset não se desfaz da sua guitarra, que aliás acompanha a voz doce e melancólica durante os três minutos. A melodia é trabalhada numa crescente que tem uma pequena “explosão” no refrão. Mesmo que os versos – principalmente o primeiro – mantenham as coisas relativamente simples, o refrão é mais cheio, melodioso e bastante memorável, principalmente com a ajuda do beat. O single tem sobretudo uma vibe pop e folclórica que combina perfeitamente com o estilo de Bassett.

“Sad Songs In A Hotel Room” é, no geral, um bom disco para ouvirmos naqueles dias onde estamos mais vulneráveis. Através deste EP o artista reafirma, tal como se vê pelo nome do trabalho, a tristeza e solidão dos compositores que escrevem músicas tristes em quartos de hotel. As seis faixas, ainda que muito semelhantes melodicamente, têm uma lírica completamente distinta que as separa e lhes dá um ar autêntico e poderoso. No entanto, é também importante ter em conta que, futuramente, para atingir públicos mais abrangentes/mainstream o cantor e compositor deveria optar por não ramificar tanto os seus temas e por não os apresentar de forma tão intimista tal como fez neste EP.