Uma peça intimista, onde o público assistiu no centro do palco.

No passado domingo, decorreu o último dia da MAT – Mostra de Amadores de Teatro, no CCVF – Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães. O evento realizou-se entre os dias 21 e 23 de outubro, com um total de 5 atuações. “A arte de amar fora d’horas”, a última desta edição, tratou-se de um convívio e teatro amador, que surgiu de um convite do CETE para reunir todos os grupos de amadores do concelho.

Quando se deu início à peça, o público pôde observar no centro do palco algo semelhante a uma cabine, composta por tela translúcida e uma escadaria. A personagem entrou em cena enquanto se ouvia nomes de emblemáticas personagens do teatro, em jeito de homenagem.

Despiu-se por entre a tela translúcida, a mulher, e vestiu um vestido branco. Assim começou a peça. Com o avançar da atuação, o público percebeu quem era a mulher que lhes era apresentada. A traição pelo marido, a descoberta e a proibição de não poder ver os filhos, passou a ser o enredo central da peça.

As paredes da cabine foram-se quebrando. Quando a quarta parede quebrou, a personagem voltou à pele da atriz, assumindo que é simplesmente uma amadora de teatro “que ensaia às terças e às quintas”, numa crítica à falta de apoios e de atenção para o teatro amador.

A atriz apresentou as companhias de teatro amador sediadas em Guimarães e nas proximidades, destacou, a ler, em palco, os pontos fortes de cada companhia, e foram projetadas imagens, na tela translúcida da sala. O humor e a entoação expressiva encantaram o público perante a leitura repleta de sátira.

A atuação “apontou o dedo” àqueles cuja opinião se baseia no facto do teatro amador não ser considerado nem teatro, nem arte. Enquanto elogiou as companhias, a atriz referiu inúmeras vezes que não tem poder de argumentação: afinal, é “apenas uma amadora de teatro”, uma “amante ilegítima”.