Desde há longos anos, tanto o Desporto Escolar como o Desporto Universitário fazem parte da Constituição Portuguesa. Cada um possui uma organização competente para poder proporcionar aos jovens um equilíbrio entre os estudos e a prática desportiva.
Contudo, nem sempre o reconhecimento destas instituições e mesmo das suas conquistas é o merecido. Há uns meses, o nosso país foi elevado ao lugar mais alto do mundo numa competição de futsal de jovens universitários. Um conjunto de alunas que para além do mérito escolar, conseguem o mérito desportivo não viu o seu país valorizar a conquista.
Quando uma equipa não universitária é campeã, internacional ou mundialmente, vemos toda uma cerimónia e uma congratulação, organizada pelos dirigentes do país. Contudo, estas jovens que se tornaram campeãs do mundo não foram recebidas no Palácio de Belém, como tantas outras equipas já foram recebidas.
Ao nível do Desporto Escolar, são vários os atletas de alta competição que já conseguiram imensas conquistas pelo nosso país, que são oriundos do trabalho feito pela organização. Não há muito tempo, a campeã europeia e vice-campeã olímpica Patrícia Mamona voltou a referir com orgulho que o seu percurso começou no Desporto Escolar. A atleta lançou mesmo um repto para que as entidades de Educação do país incentivem à prática de Desporto Escolar. A vice-campeã olímpica referiu que “o desporto é grande, culturalmente, nos Estados Unidos” e acrescentou que “é quase tudo proveniente do Desporto Escolar”. Enquanto que em Portugal há “muitas lacunas e muito talento proveniente do Desporto Escolar, que não é aproveitado”.
Será que falham os meios noticiosos em não enaltecer estes feitos ou falham mesmo todas as estruturas no nosso país? Em 2019, tivemos mais uma campeã mundial, desta feita em Desporto Escolar. A nadadora Mariana Cunha conquistou o ouro na categoria de 100 metros mariposa, no Campeonato do Mundo Escolar, no Rio de Janeiro. Se fizermos uma rápida pesquisa na Internet, poucas notícias encontramos sobre este feito. Apenas os clubes nos quais a atleta faz ou já fez parte noticiaram o acontecimento.
Quer no Desporto Universitário, quer no Desporto Escolar, é muito importante que o país e mesmo as universidades se envolvam na organização de eventos mundiais ou continentais. Em julho, a Universidade do Minho conseguiu trazer a Portugal, mais concretamente a Braga e Guimarães o mais alto Desporto Universitário. Somos capazes de mostrar que mesmo sendo um país pequeno, conseguimos proporcionar grandes eventos mundiais.
Não me podia esquecer de falar dos apoios financeiros. Claro que o talento dos atletas e o apoio das universidades e escolas é fulcral para o sucesso desportivo. Contudo, é necessário que se criem mais condições para a prática de mais modalidades e é necessário custear despesas de deslocações. Os nossos atletas já demonstraram que todos estes investimentos valem a pena.
A Federação Académica de Desporto Universitário (FADU) também é campeã ao nível da organização. Talvez pouca gente sabe, mas a European University Sports Association (EUSA), já reconheceu por cinco vezes a nossa federação, como a mais ativa a nível europeu.
É urgente dar a conhecer todas estas conquistas ao nosso país. Não se pode continuar a deixar como desconhecidos todos os atletas campeões e mesmo federações com sucesso internacional. Não merecem também estes atletas e estas federações bem organizadas, Medalhas de Mérito Desportivo, serem reconhecidas pelo presidente Marcelo Rebelo de Sousa?