O dia foi proclamado em 1996 pela Assembleia Geral das Nações Unidas.

Esta segunda-feira, dia 21 de novembro, festeja-se o Dia Mundial da Televisão. Para o assinalar, o ComUM falou com Luís Miguel Loureiro, professor de Jornalismo, e com os alunos Diogo Braga e Pedro Jesus acerca do domínio da televisão, principalmente do ponto de vista informativo, por parte dos jovens.

É discutida várias vezes a importância da televisão nos dias de hoje e os jovens são muitas vezes criticados pela falta de interesse que demonstram na atualidade e nos conteúdos informativos. O professor Luís Miguel Loureiro discorda. Na sua opinião, o que acontece é que “têm a sua própria realidade, como sempre tiveram”, apesar das preocupações, interesses e sonhos serem diferentes do que eram, “esta é a lei da vida”, esclarece.

O facto de “o tempo estar mais fragmentado” também resulta na perda de importância da televisão, conclui o docente, sendo esse um problema da sociedade e não apenas dos jovens. “Se acusamos os jovens de estar na bolha deles, eles não estão a fazer nada que as outras pessoas não estejam”, explica.

Já em conversa com Diogo Braga e Pedro Jesus, alunos universitários, ambos consideram que a televisão já não faz parte do dia a dia dos jovens, pelo menos como noutros tempos. No entanto, concordam que isso não significa que não tenham domínio sobre a atualidade e não se mantenham atualizados. “Mesmo que não vejam telejornais e notícias acabam por passar por elas nas redes sociais e na internet”, afirma Diogo Braga, estudante de Ciências da Comunicação na Universidade do Minho.

O aluno minhoto, que pretende especializar-se na área de Jornalismo, admite que quem estuda comunicação “precisa de estar atento ao que se passa nos meios de comunicação, sejam jornais, televisão, etc.”. Apesar disso, é da opinião que os novos meios tecnológicos são “um grande concorrente à televisão”. As redes sociais, por exemplo, “têm um papel fundamental”, afirma Diogo Braga. “Os sites de notícias publicam os links nas redes sociais, o que faz com que as pessoas possam estar informadas lendo apenas os títulos”, exemplifica.

Pedro Jesus, aluno de Engenharia Informática da Universidade de Coimbra, concorda que nas redes sociais “a informação passa muito mais rápido e tem um alcance muito maior”. Por outro lado, o estudante vê também um lado negativo do acesso à informação exclusivamente através desse meio: “nas redes sociais o teor da notícia pode não ser sempre 100% credível”.

Em relação às redes sociais, o professor da Universidade do Minho pensa que estas partilham demasiada informação. Apesar disso, considera que “a televisão ainda é uma espécie de gestor da visibilidade”. Isto é, “apesar das redes sociais terem muita projeção e haver esta convivência, a televisão ainda não perdeu o seu lugar porque ela está no centro de algo que já vinha de antes da internet, o centro da luta pela visibilidade”, afirma Luís Miguel Loureiro.

Todos concordam que a televisão já teve mais importância noutros tempos, sendo até um elo de ligação entre as famílias. Um dos grandes motivos desta perda de sentido para algumas gerações é a existência de novos meios tecnológicos que nos fornecem “mil e uma opções de escolha”, afirma Pedro, como é o caso dos serviços de streaming.

Para o professor, o streaming e a televisão podem conviver, não significando propriamente um fim para o meio tradicional. “A televisão mantém-se muito importante nos consumos mediáticos, quer através das séries quer através dos diretos de futebol ou das notícias”, afirma. Também Pedro admite: “não diria uma substituição, mas um desviar de atenção”. O aluno de Ciências da Comunicação pensa que, apesar de atualmente a televisão ainda ser bastante vista por gerações mais velhas, talvez no futuro esse meio, pelo menos como o conhecemos, possa vir a desaparecer.

A verdade é que a televisão “não se está a adaptar”, considera o docente. Na sua perspetiva, as televisões, principalmente as generalistas, estão muito “cristalizadas” e há até uma grande “perda de qualidade” com conteúdos “sem nexo”. Aquilo que deviam ser programas com “um mínimo de pensamento e de estrutura” não o são, “o entretenimento vulgarizou-se completamente e a informação entertinizou-se”, frisa.

Luís Miguel Loureiro deu ainda um exemplo: “estamos a falar num dia que se seguiu a um facto que por pouco não nos ia lançando na terceira guerra mundial e isto porque nós só temos visto um lado da guerra”. No seu ponto de vista, é incompreensível que existindo transmissão de informação 24 horas por dia, “ela é tão afunilada e não existe a verdadeira pluralidade que era necessária na informação televisiva”.

Pelo contrário, o estudante de Coimbra acredita que existe “um esforço visível por parte da televisão em tentar modernizar o conteúdo”. Apesar de ainda não estar totalmente adequado a gerações mais jovens “está no caminho”, considera. Diogo Braga pensa que ainda é necessária uma “grande remodelação”. Embora com algumas diferenças, ambos concordam com o professor: “a televisão tem influência na nossa vida”.