Opções vegetarianas nos estabelecimentos de ensino são obrigatórias desde 2017.
O vegetarianismo é um regime baseado no consumo de alimentos de base vegetal que tem ganho cada vez mais adeptos ao longo dos anos. Segundo dados da Associação Vegetariana Portuguesa, foram contabilizados em 2021 cerca de 764 mil consumidores, o que representa 9% da população.
Este estilo de vida teve origem no início do século XX, mas foi perdendo força devido à restrição existente no regime Salazarista. No entanto, tem se assistido a uma mudança significativa nos últimos anos, impulsionada em parte pela consciencialização das camadas mais jovens. Desde 2017 que o prato vegetariano é obrigatório por lei nas cantinas escolares. A Direção de Educação tem como missão garantir que as ementas apresentam o valor nutricional necessário para os estudantes.
Na Universidade do Minho, as refeições vegetarianas chegaram às cantinas de Gualtar, Azurém e Santa Tecla em abril de 2005. Inês Araújo é estudante da academia minhota e almoça regularmente na cantina universitária do Campus de Gualtar. Em entrevista ao ComUM, a estudante explicou que foi em contexto universitário que provou determinados pratos pela primeira vez. “Os pratos da universidade oferecem uma boa qualidade e são uma alternativa mais saudável às refeições rápidas dos bares e restaurantes das redondezas”, admite.
Para além de serem benéficos para a saúde, os pratos vegetarianos constituem uma alternativa sustentável. São exemplo de alimentos que compõem os pratos na academia o “cuscuz, o arroz, a massa, muitas vezes acompanhados por leguminosas, legumes, cogumelos ou algum composto de soja”, de acordo com a experiência da estudante.
No entanto, o processo de confeção deste estilo alimentar ainda é um entrave para algumas famílias. Segundo um estudo realizado pela Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO), os alimentos vegetarianos podem ser quatro vezes mais caros do que os produtos ditos tradicionais, situação que acaba por ser difícil para a carteira de muitas famílias. “A minha mãe tem sempre de comprar comida diferente para mim e isso é um incómodo para ela”, conta Inês.
Através de um inquérito aos consumidores sobre a “Opção Vegana em Portugal” da AVP, que contou com uma amostra de cerca de 2 mil participantes, apurou-se que 72% dos inquiridos consideram a oferta do mercado português em produtos veganos insuficiente. No entanto, a organização acredita existir “espaço para a melhoria dos produtos em termos de diversidade, qualidade e preço”.
Artigo por: Marta Ferreira e Maria Sá