O grupo cultural é constituído por diversos instrumentos de percussão, como bombos, timbalões e caixas de samba.

O grupo de Percussão da Universidade do Minho, Bomboémia, foi fundado em 2005, advindo do grupo tradicional “Zés Pereiras”. Desde então, continua a animar cada canto por onde passa. O grupo ensaia no Bar Académico de Braga e faz parte da ARCUM (Associação Recreativa e Cultural Universitária do Minho). Atua não só a nível nacional, mas também a nível transfronteiriço. Em entrevista ao ComUM, o atual diretor, Ricardo Milhazes, retrata como é pertencer aos Bomboémia.

O diretor, Ricardo Milhazes, defende que os Bomboémia se destacam “não só entre os outros grupos culturais mas também no panorama daquilo que são os grupos tradicionais de percussão.” Denota a evolução e adaptação dos estilos musicais tocados pelo grupo, que passam pelos “ritmos brasileiros e ritmos afro”, sendo dos poucos em Portugal a fazer essa ascensão além da música tradicional. “Em contexto universitário, as pessoas conseguem ligar-se de uma forma diferente relativamente aos outros grupos culturais. Os Bomboémia têm mais energia, o que vem naturalmente com o estilo de música que tocamos e com os movimentos que fazemos, sendo aí onde marcamos mais a diferença”, acrescenta.

O diretor acredita que “os Bomboémia são um grupo que vive muito do público que tem” sendo este, regra geral, “muito recetivo”. Um dos seus principais valores é “criar um ambiente de família, onde o pessoal possa exprimir quem é”, para além de “ter uma postura correta nas atuações”. Ricardo Milhazes explicita que “em termos de ensaios, tenta-se sempre criar um ambiente inclusivo e tranquilo”, para que os membros do grupo “estejam lá para se divertirem e descomprimirem de um dia duro”. Apesar da preocupação em deixar todos à vontade, não discerne a necessidade de haver “profissionalismo, num contexto em que o grupo tem de se preparar para várias atuações, não só ligadas à universidade, mas também a pedidos de fora, que implicam um bom nível musical”.

Tendo em conta que “o grupo precisa de muita atividade para manter as pessoas conectadas e unidas”, Ricardo Milhazes refere o principal objetivo acarretado pelos Bomboémia neste útimo ano: “recuperar aquilo que havia sido perdido durante a pandemia”. Para além da impossibilidade de ensaiar e atuar durante a fase pandémica mais crítica, também o pós-pandemia se revelou um obstáculo, na medida em que se notou “uma quebra de novos membros”. Assim, criou-se um “split de gerações entre a geração antes do Covid e a que veio depois”. Consequentemente, o diretor confessa por vezes terem “poucas pessoas para atuar, porque muitos já trabalham e não têm a mesma disponibilidade que os universitários”. Na sua conceção, quem “entrou agora na universidade perdeu as rotinas de participar neste tipo de grupos e atividades”. Neste sentido, diz ser importante combater esta consequência, para que os membros “aproveitem e percebam que isto é realmente valioso para eles”.

Ricardo Milhazes descreve a experiência de pertencer aos Bomboémia como “uma caixinha de surpresas”, pois “entra-se com uma intenção”, principalmente a de diversão, e “passado um tempo ganha-se uma intenção completamente diferente”, que passa por “trabalhar para o grupo”. “Evoluis como pessoa e ajudas os outros a evoluir”, refere.

O diretor adianta o regresso, este ano, dos eventos organizados pelos Bomboémia, como o festival “Do Bira ao Samba”, de grande “magnitude e difícil de gerir”. Também as “Noites Boémias” voltam, um projeto realizado apenas uma vez devido à pandemia. Para além disso, há muitas “outras atividades organizadas em conjunto com a ARCUM” que prometem um regresso em peso, depois de uma longa espera pelo retorno dos eventos culturais.

Ricardo Milhazes termina com uma mensagem de incentivo aos novos estudantes na sua integração em grupos culturais. O diretor apela para “seguirem os seus instintos, encararem desafios e não terem receio de experimentar um ensaio”, pois, caso contrário, “se calhar perderam uma oportunidade, porque não vão viver anos iguais”. “Para o pessoal mais velho da comunidade académica que já está a acabar, esperamos que os Bomboémia de alguma forma tenham influenciado os seus percursos e que tenham vibrado com as nossas atuações”, conclui.