Aumento de 30 a 40% nos custos poderá impedir a adjudicação das obras.

Os reitores e presidentes de politécnicos alertam que a inflação pode impossibilitar que alguns projetos de construção de residências universitárias saiam do papel. O Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) contempla 447 milhões de euros para o efeito, de acordo com a edição desta quarta, dia 28 de dezembro, do Jornal de Notícias (JN).

“Há residências que tinham sido adjudicadas antes da subida da inflação”, revela o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, António de Sousa Pereira, citado pelo JN. No entanto, “os construtores civis abandonaram-nas, porque o preço contratualizado não dava”, continua.

Aquando da contratualização dos projetos, o montante máximo elegível para financiamento de construção de novas residências era de 27.500 euros por cama, um valor já considerado baixo. Atualmente, “com os efeitos da guerra, anda à volta dos 50 mil euros por cama”.

Enquanto algumas instituições conseguiram mobilizar fundos próprios, outras tiveram de recorrer a empréstimos do Banco Central Europeu. A presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, Maria José Fernandes, indica o exemplo do Politécnico do Cávado e Ave, que dirige. “Lancei um concurso por 19 milhões de euros, financiado a nove milhões, que ficou deserto. Relancei por 24 milhões e já adjudiquei”, explica.

O presidente do Politécnico de Leiria, Carlos Rabadão, resolveu rever preços com os projetistas. “Ainda não lançámos nenhuma empreitada. A estimativa assusta-nos: está 30% a 40% acima do valor financiado”, adianta. A solução passa por “utilizar materiais menos nobres, mas garantindo a qualidade” das obras destinadas às residências.