A compositora leiriense apresentou o seu segundo álbum de estúdio

A artista portuguesa Surma deslocou-se a Braga para o segundo concerto da tour, que começou na sua terra natal, Leiria. A cantora e multi-instrumentalista apresentou a 10 de dezembro, no gnration o seu novo albúm, alla (2022). 

Para a sua atuação fez-se acompanhar de dois músicos que já tinham colaborado na produção do álbum, Pedro Melo Alves e João Hasselberg. Ambos apresentaram grande versatilidade instrumental durante o espetáculo, desde a utilização do baixo e contrabaixo (João Hasselberg) à bateria e percussão (Pedro Melo Alves), ao teclado e ao sintetizador, tocados por ambos.

Ao apresentar-se com uma certa timidez e simpatia, Surma deu um presságio muito limitado sobre o que se passaria na próxima hora. Iniciou a sua atuação com a música “etel.vina” que prendeu as atenções da plateia da sala blackbox. A voz suave confrontada com o instrumental eletrónico tornaram a experiência num equilíbrio dual. Na verdade, a dualidade e o misto de emoções foram um constante durante a apresentação de Surma. Ouviu-se o pedido da intérprete para que fechássemos os olhos e nos “deixássemos ir”” na introdução a “Myrtise”, a sua colaboração com NoiseRV. Se por um lado temos momentos como em Myrtise, que nos fazem levitar, também fomos recheados de momentos em que só queríamos dançar e abanar a cabeça.

Ao ouvirmos as canções do álbum escutamos um grito de liberdade. Ouvimos uma artista que se permite ir do eletrónico ao psicadélico, com influências do jazz, do clássico e da música contemporânea. Em palco, Surma também transmite todas essas sensações com uma presença orgânica, que torna mais real a experiência do espetador. Apesar da forte vertente eletrónica, o albúm, tanto em estúdio como ao vivo, apresenta instrumentalidade orgânica, o que ajuda a que a música tenha um caminho mais rápido até à espinha de quem a ouve.

Antes de voltar para tocar uma canção final, foi com Islet” que Surma encerrou o seu espetáculo. A música mais extensa do álbum divide-se em várias secções e apresenta um clímax final que findou perfeitamente a atuação. Tal como durante a hora em que Surma atuou, a sensação sinestésica prevaleceu durante a performance de “Islet”. Ao ouvir alla (2022) percebemos uma artista que mistura outras artes na sua música, onde parecem ser palpáveis cores e texturas.