Em 2000, Paulo Coelho escreveu O Demónio e a Senhorita Prym. A obra confronta o leitor com questões como moral, conduta, estigmas e crenças, numa viagem pela batalha mais antiga já travada: o Bem contra o Mal.
Chantal Prym é uma jovem trabalhadora habitante de Viscos, uma pequena aldeia com menos de 300 habitantes, que viria a ser palco do confronto entre o anjo e o demónio. Este último é representado pelo Estrangeiro, um homem cuja trágica história de vida o leva até Chantal para que, em conjunto com os restantes habitantes da aldeia, pudesse perceber quanto seria preciso para sacrificar uma vida.
O Estrangeiro era o antigo dono de uma fábrica de armas, cuja mulher e filha haviam sido assassinadas por um grupo de terroristas sanguinários que procuravam chantagear o homem em troca de uma remessa de armas. Mesmo depois de saberem que não tinham mais por onde escapar, escolheram deliberadamente sacrificar duas vidas inocentes.
Após essa experiência emocional angustiante, o Estrangeiro decide procurar um lugar pequeno, onde todos se conhecessem e se quisessem bem. Por isso, e por mero acaso, escolhe Viscos para descobrir se existe uma fração de segundo, quando o Bem e o Mal se confrontam, onde o Bem pode vencer.
Assim sendo, o sujeito oferece dez barras de ouro que seriam entregues à cidade, se no espaço de uma semana fosse cometido um assassinato dentro da comunidade. O turista pretendia assim descobrir se o destino que havia sido tão cruel com ele poderia ser bondoso com os outros, explorando assim a compaixão humana.
Paulo coelho consegue, através da sua escrita, mergulhar o leitor no bravo mar das emoções humanas, fazendo-o refletir sobre a ética e a moralidade. Prende-o à narração e ao destino da pacata aldeia, assim como a cada um dos habitantes.
No entanto, o facto do desafio proposto pelo Estrangeiro captar de tamanha forma a atenção do leitor, acaba por desmotivar uma leitura desacelerada da obra, por haver sempre a necessidade de saber o final e saciar a curiosidade que paira no ar. O escritor explora detalhadamente e de forma cativante a história individual dos moradores mais relevantes para a narrativa, concebendo ao leitor a sensação de adivinhar os pensamentos de cada personagem.
Com O Demónio e a Senhorita Prym, Paulo Coelho cria uma relação de amizade entre o leitor e o livro. Permite a partilha de ideias e debates acalorados sobre a extensão de traços humanos, como a ganância e os seus limites, ou falta deles.
Paulo Coelho, escritor e jornalista brasileiro de renome, é o autor de obras premiadas internacionalmente como: O Alquimista e O Diário de um Mago. O escritor ocupa ainda o 21º lugar na Academia Brasileira de Letras e é o autor mais vendido em língua portuguesa de todos os tempos.
#Arquivo | O Demónio e a Senhorita Prym: o derradeiro confronto
Título Original: O Demónio e a Senhorita Prym
Autor: Paulo Coelho
Editora: Pergaminho
Género: Ficção
Data de lançamento: Outubro de 2000